O cenário internacional turbulento, marcado pela intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, está redesenhando as rotas do comércio global. No meio desse embate econômico entre as duas maiores potências do planeta, o Paraná desponta como um dos potenciais beneficiários da nova configuração.
Em meio aos anúncios de novas tarifas por parte de ambos os países, o governador Carlos Massa Ratinho Junior destaca que a conjuntura pode representar uma abertura estratégica para os produtores paranaenses. "Estamos acompanhando a China taxar as commodities dos EUA, como é o caso do grão de soja, em que o Paraná é um grande produtor e tem capacidade para aumentar as suas exportações, atendendo as necessidades dos chineses por produtos com preços competitivos", afirmou.
Exportações em números
A afirmação ganha força diante dos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em 2024, empresas instaladas no Paraná exportaram alimentos e bebidas para 176 países, movimentando US$ 14,2 bilhões.
A soja e seus derivados continuam liderando o portfólio exportador do Estado. Apenas em grãos, as vendas externas somaram US$ 5,3 bilhões, complementadas por US$ 1,4 bilhão em farelo e US$ 358 milhões em óleo. Especificamente para a China, a soja representou 75,5% do total exportado, resultando em uma receita de US$ 4,5 bilhões.
Além da soja
A carne de frango in natura é outro produto com alto potencial de crescimento frente às novas demandas do mercado asiático. Em 2024, as exportações do setor alcançaram US$ 739 milhões, equivalentes a 12,4% do total enviado à China.
A força da madeira
Se, por um lado, a China busca novos fornecedores de alimentos, por outro, os Estados Unidos enfrentam desafios em seu setor de construção civil, tradicionalmente dependente da importação de madeira. Neste ponto, o Paraná também se posiciona com vantagem.
Com forte produção agroflorestal, o Estado exportou cerca de US$ 446 milhões em madeira bruta, compensados e produtos manufaturados para os EUA em 2024. Esses itens já representam 28% das exportações paranaenses para o mercado norte-americano. O destaque fica para os compensados de madeira, que registraram um expressivo crescimento de 24,5% em relação a 2023.
Indústria em ascensão
Os reflexos dessa performance também se fazem notar na indústria. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Paraná liderou o crescimento industrial no país em 2024, com alta de 12,4% no segmento madeireiro.
Oportunidade em meio à tensão global
Para Ratinho Junior, o momento é de agir estrategicamente. “No Paraná encaramos essa ‘briga’ entre os dois gigantes globais como uma janela de oportunidade, na qual podemos aproveitar a grande vocação do Estado na produção de alimentos e outros produtos agrícolas para que a agroindústria cresça ainda mais, gerando mais empregos e renda à população”.
Resumo visual dos destaques
Produto | Exportações em 2024 | Destino principal |
---|---|---|
Soja em grão | US$ 5,3 bilhões | China |
Farelo de soja | US$ 1,4 bilhão | China |
Óleo de soja | US$ 358 milhões | China |
Carne de frango in natura | US$ 739 milhões | China |
Madeira (diversos tipos) | US$ 446 milhões | Estados Unidos |
Protagonismo
No tabuleiro do comércio internacional, o Paraná se movimenta com agilidade para ocupar espaços deixados por gigantes em confronto. Com um portfólio diversificado, estrutura consolidada e capacidade produtiva em alta, o Estado se posiciona não apenas como fornecedor, mas como protagonista em um novo ciclo de oportunidades globais.