
As urnas argentinas decretaram ontem uma virada decisiva. Na votação para renovar metade da Câmara dos Deputados da Argentina e um terço da Senado da Nação Argentina, o partido La Libertad Avanza (LLA), sob o comando de Javier Milei, atingiu cerca de 40,8 % dos votos - mais do que o dobro do que muitos analistas esperavam. A oposição peronista, reunida na coligação Fuerza Patria, ficou próxima de 31 % e amargou uma derrota relevante. Ainda assim, a participação ficou em torno de 67-68 % dos eleitores, a menor taxa desde a redemocratização do país em 1983.
Com os resultados, o governo de Milei obteve ganhos expressivos nas duas casas legislativas. A aliança LLA e seus parceiros obtiveram dezenas de cadeiras a mais, ampliando significativamente sua bancada. Esse desempenho dá ao presidente argentino tração para avançar com sua agenda liberal-radical: cortes no setor público, reformas trabalhistas, abertura de mercado e alinhamento mais estreito com os Estados Unidos.
A imediata reação dos mercados foi positiva: a moeda argentina valorizou-se, os rendimentos dos títulos em dólar caíram e os investidores viram no resultado um voto de confiança à continuidade da política econômica em vigor. Porém, apesar da vitória, Milei ainda não possui maioria absoluta em algumas esferas legislativas - o que significa que terá de negociar com espaços moderados ou até rivais para aprovar mudanças mais profundas.
A vitória desta eleição de meio termo coloca Milei em posição de força para se preparar ao cenário de 2027, quando busca a reeleição. Ao mesmo tempo, o resultado mostra que os eleitores deram ao presidente uma segunda chance, mesmo enfrentando desgaste por medidas de austeridade e pelo confronto com a classe política tradicional. A oposição, por sua vez, precisa reagrupar-se e definir uma agenda alternativa se quiser frear o avanço do modelo liberal-radical em curso.