
No Paraná, os homens continuam sendo maioria nas estatísticas de mortalidade. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2025, 66% dos 15.656 óbitos registrados entre pessoas de 20 a 59 anos foram de homens. Eles lideram praticamente todas as causas de morte e faixas etárias até os 80 anos - um retrato que reflete não apenas fatores biológicos, mas também comportamentais e culturais, como a resistência em buscar atendimento médico.
Entre as cinco principais doenças que atingem homens e mulheres, apenas nas neoplasias (cânceres) há predominância feminina. Já entre os homens, as causas mais comuns de morte estão ligadas a doenças do aparelho circulatório e digestivo, infecções e parasitoses, além das causas externas de morbidade e mortalidade - que incluem homicídios, acidentes, quedas e afogamentos.
Estudos do Ministério da Saúde também indicam que eles têm 40% a 50% mais risco de morte por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como cardiopatias, doenças respiratórias, câncer e diabetes. Segundo especialistas, a falta de prevenção e acompanhamento médico agrava quadros que poderiam ser diagnosticados e tratados precocemente.
De janeiro a setembro de 2025, apenas 28% dos atendimentos individuais realizados na faixa de 20 a 59 anos na Atenção Primária à Saúde (APS) do Paraná foram destinados a homens. O número mostra uma clara subutilização dos serviços básicos, mesmo quando disponíveis.
As consequências aparecem nas internações por doenças evitáveis:
72,7% das internações por doenças imunopreveníveis;
53,3% por pneumonias bacterianas;
55,8% por angina;
54,3% por insuficiência cardíaca;
60,1% por infecções de pele e tecido subcutâneo.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, o desafio é mudar a mentalidade masculina em relação ao cuidado com a própria saúde. “Os homens ainda procuram os serviços de saúde apenas em situações extremas, quando o problema já está avançado. Isso aumenta o risco de complicações e de mortalidade por doenças que poderiam ser evitadas ou controladas com diagnóstico precoce”, alerta.
A resistência em procurar atendimento médico está relacionada a questões culturais, que associam masculinidade à força e invulnerabilidade. Esse comportamento resulta em diagnósticos tardios e expectativa de vida menor - enquanto as mulheres paranaenses vivem, em média, 82,6 anos, os homens morrem mais cedo, muitas vezes por causas preveníveis.
Campanhas como o Novembro Azul buscam quebrar esse tabu e incentivar o autocuidado e a prevenção. O Governo do Paraná, por meio da Sesa, realiza ações contínuas voltadas à saúde masculina, com cursos e capacitações para profissionais sobre atenção integral ao homem e saúde em contexto de violência e proteção de meninas e mulheres.
O levantamento da Sesa, baseado no Sistema de Informação da Atenção Básica (Sisab), aponta os principais motivos de atendimento masculino entre janeiro e setembro de 2025:
1 milhão por hipertensão arterial;
560 mil por diabetes;
442 mil em saúde mental;
109 mil relacionados ao tabagismo;
49 mil por obesidade;
47 mil por alcoolismo;
18 mil em saúde sexual e reprodutiva.
O câncer bucal é outro alerta: o Paraná registra 920 casos anuais, sendo 720 em homens e 200 em mulheres - uma incidência 3,6 vezes maior no público masculino, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
A Sesa mantém uma rede estruturada para ampliar o acesso aos cuidados de saúde masculina. Além das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) - que oferecem exames rápidos para ISTs com resultados em até 30 minutos -, o estado conta com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), programas de reabilitação e projetos voltados ao bem-estar físico e mental.
Também são reforçadas medidas preventivas como monitoramento da pressão arterial, alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, abandono do tabagismo, redução do consumo de álcool e adesão às campanhas de vacinação.
Fechamento
Os números mostram que a saúde do homem no Paraná ainda é um desafio que vai além dos consultórios: trata-se de mudar hábitos, quebrar preconceitos e promover uma nova cultura de autocuidado.
Como reforça o secretário Beto Preto, “prevenir é a melhor forma de viver mais e melhor” — uma mensagem que o Novembro Azul busca transformar em atitude ao longo de todo o ano.