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Homens seguem negligenciando a própria saúde e vivem, em média, sete anos menos que as mulheres

Mesmo com avanços médicos e campanhas de conscientização, resistência masculina em buscar atendimento mantém altas as taxas de diagnósticos tardios

Por: João Livi Fonte: IBGE
02/12/2025 às 09h28
Homens seguem negligenciando a própria saúde e vivem, em média, sete anos menos que as mulheres
Homens ainda resistem aos cuidados preventivos e vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres, segundo o IBGE. (Foto: Freepik)

A diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres no Brasil continua acentuada. Dados do IBGE mostram que os homens vivem, em média, sete anos a menos, uma disparidade que não está ligada apenas à genética, mas principalmente ao descuido com a própria saúde. O comportamento de evitar consultas, exames preventivos e cuidados básicos ainda é uma realidade que atravessa gerações e desafia profissionais da área.

Pesquisas e a própria experiência clínica apontam que boa saúde depende não apenas de fatores hereditários, mas também das decisões tomadas ao longo da vida. Apesar de campanhas informativas, tecnologia avançada e tratamentos cada vez mais eficazes, muitos homens seguem protelando o contato com o sistema de saúde. Essa resistência acaba contribuindo para diagnósticos tardios e reduzindo as chances de cura de doenças que poderiam ser controladas ou evitadas.

Casos de tumores primários de fígado, pulmão e rim, além de metástases, têm indicação médica para procedimentos como ablação, que pode promover resultados terapêuticos importantes e até a cura de lesões - desde que identificadas a tempo.

Câncer de próstata: alta incidência e baixa adesão ao rastreamento

O câncer de próstata permanece como o tumor maligno mais comum entre homens no Brasil. Para este ano, o Inca projeta 71.730 novos casos. Embora a taxa de cura possa chegar a 98% quando o diagnóstico é precoce, o rastreamento ainda é insuficiente.

O tratamento depende do estágio da doença e das características individuais do paciente, variando do simples monitoramento à cirurgia e terapias como radioterapia e quimioterapia. O Novembro Azul, campanha anual de conscientização, surge justamente para reforçar essa importância e ampliar o debate sobre a saúde masculina de forma integral.

Outro alerta importante está no câncer de pulmão, um dos tipos mais frequentes e agressivos. Das 32.560 novas ocorrências estimadas para este ano no país, 18.020 são em homens - 55% do total. Entre os principais sinais estão tosse persistente, dor no peito, falta de ar, rouquidão, perda de peso e fadiga. Em muitos casos, no entanto, o câncer evolui silenciosamente, o que reforça a importância de avaliações periódicas.

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Por que os homens ainda se cuidam menos?

A resistência masculina em procurar atendimento médico tem raízes socioculturais profundas. Dados do Programa Nacional de Saúde revelam que 82,3% das mulheres vão ao médico, contra 69,4% dos homens. A cultura do machismo e a ideia de força e autossuficiência fazem com que muitos vejam o cuidado com a saúde como demonstração de fragilidade.

O papel tradicional de provedor, aliado a rotinas intensas, também contribui para a negligência, já que a saúde raramente entra na lista de prioridades. Além disso, persistem tabus em torno de determinados exames, como o toque retal, essencial para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. A desinformação afasta ainda mais os homens de procedimentos simples e fundamentais.

O desafio de mudar esse cenário permanece. Enquanto avanços tecnológicos ampliam as possibilidades de tratamento, o cuidado preventivo continua sendo a maior barreira a ser vencida. Informação, conscientização e enfrentamento de tabus são caminhos necessários para que os homens passem a assumir o protagonismo da própria saúde - e vivam mais e melhor.

 

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