
A partir de 2026, as campanhas de vacinação realizadas nas fronteiras entre Brasil e Paraguai serão uniformizadas. O acordo, que prevê a criação de um Dia D de imunização binacional, foi formalizado nesta sexta-feira (31) durante o III Encontro Internacional de Saúde nas Fronteiras – Brasil-Paraguai, realizado em Salto del Guairá, no Paraguai.
A medida envolve os governos do Paraná e do Mato Grosso do Sul, o Ministério da Saúde do Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Governo do Paraguai, e tem como meta ampliar a cobertura vacinal e reforçar as ações de vigilância e prevenção nas cidades que compartilham a faixa de fronteira entre os dois países.
O acordo é resultado da continuidade das tratativas iniciadas em abril de 2025, durante o segundo encontro em Ponta Porã (MS). Na ocasião, autoridades brasileiras e paraguaias definiram diretrizes para o Projeto de Monitoramento para Vigilância em Saúde na Fronteira Brasil–Paraguai, voltado à criação de uma rede integrada de atenção e resposta sanitária, com troca de informações epidemiológicas, capacitação profissional e resposta coordenada a emergências de saúde pública.
Para o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Beto Preto, a harmonização das campanhas representa um avanço importante. “As regiões de fronteira exigem um olhar especial. Essa ação conjunta reforça o compromisso de proteger a população desses territórios e garantir que todos tenham acesso à imunização, independentemente do lado em que estejam”, afirmou.
O coordenador nacional de saúde de fronteiras do Paraguai, Juan Carlos Coronel, destacou que a vacinação nas fronteiras já apresenta resultados positivos, especialmente nas regiões de Ciudad del Este, Foz do Iguaçu, Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. “Avançar na definição de calendários e realizar campanhas simultâneas fortalece o trabalho conjunto e mobiliza recursos de cooperação para proteger a população”, pontuou.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Galvão, reforçou o papel do Paraná e do Mato Grosso do Sul na articulação regional. “Os problemas de saúde acontecem nas fronteiras, não em Brasília nem em Assunção. É essencial agir de forma conjunta, com ações concretas como a vacinação, que protegem vidas e fortalecem a cooperação entre os países”, ressaltou.
Segundo Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, a iniciativa consolida o trabalho de integração iniciado nos últimos meses. “Estamos construindo uma rede binacional de cooperação que une esforços para fortalecer a vigilância, ampliar coberturas vacinais e aprimorar respostas a emergências em saúde pública”, afirmou.
De acordo com Sandro Terabe, gerente do Centro de Inteligência Estratégica para a Gestão do SUS (Cieges) do Conass, o modelo criado entre Brasil e Paraguai poderá servir de piloto para outras fronteiras da América do Sul. “O que estamos desenvolvendo aqui pode ser replicado em outras regiões. É um processo que une tecnologia, organização e cooperação social”, explicou.
O novo compromisso consolida um marco na cooperação sanitária entre Brasil e Paraguai, fortalecendo o Mercosul como espaço de integração em saúde pública e referência em estratégias conjuntas de imunização e vigilância epidemiológica.
O evento contou com a presença do vice-ministro da Saúde e Bem-Estar Social do Paraguai, José Ortellado, da secretária-adjunta de Saúde de Mato Grosso do Sul, Crhistinne Cavalheiro Maymone Gonçalves, além de representantes do Cievs do Paraná, Itaipu Binacional, município de Foz do Iguaçu e 20ª Regional de Saúde de Toledo.