
A BR-163, eixo fundamental para o escoamento da produção do Oeste e que passa por Marechal Cândido Rondon, está oficialmente entre as rodovias que voltarão a ser pedagiadas no Paraná. O resultado do leilão do lote 5, realizado na tarde desta quinta-feira (30) na B3, em São Paulo, confirmou a Reúne Rodovias Holding S.A. (Pátria Investimentos) como vencedora, com desconto de 23,83% sobre a tarifa-base e aporte financeiro inicialmente anunciado em R$ 146.298.413,48. Na própria sessão pública, porém, houve retificação técnica, e o valor correto do aporte foi informado como cerca de R$ 399 milhões, descontados R$ 455.959,54, conforme esclarecimento da comissão do leilão. Ou seja: o lote fecha maior e mais robusto do que o número lido no início da cerimônia.
A segunda colocada foi a Way Concessões S.A., com deságio de 16,70%, mas a diferença superior ao intervalo permitido garantiu a vitória direta da proponente representada pela corretora Safra.
O leilão foi tratado como “fechamento do ciclo do Paraná” pelas autoridades presentes, entre elas o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o governador Carlos Massa Ratinho Júnior, que comemoraram o fato de o Estado concluir os seis lotes planejados com forte concorrência, tarifa menor e previsão de obras. O diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos, destacou que o modelo atual corrige a lógica do passado, quando se falava em pedágio caro e pouca entrega. Agora, segundo ele, o desenho foi “construído com o governo federal, governo do Paraná, setor produtivo e mercado de capitais” para garantir pista melhor, tarifa mais baixa e segurança ao usuário.
O ministro Renan Filho reforçou que os novos contratos das rodovias integradas do Paraná chegam com redução média de até 50% em relação ao que era cobrado no modelo antigo de pedágio, mas com muito mais investimento, estimado em dezenas de bilhões de reais ao longo dos primeiros anos. Ele citou ainda que parte desses investimentos já começou a aparecer em outros lotes, com duplicações, faixas adicionais, áreas de escape e pontos de parada para caminhoneiros.
Para o Oeste do Paraná, o ponto mais sensível do anúncio é claro: a BR-163, que passa por Marechal Cândido Rondon, entra na concessão e voltará a ter cobrança de pedágio. Essa rodovia é estratégica para o agronegócio, para o trânsito regional e para o acesso a Guaíra, Cascavel e à fronteira. A inclusão no lote 5 significa que o trecho rondonense passa a fazer parte do corredor de investimentos e também do sistema de controle e monitoramento operado pela futura concessionária.
O governo estadual fez questão de lembrar que o modelo antigo de concessões, encerrado em 2021, gerou desgaste principalmente no interior: pedágio alto e poucas obras. Agora, a promessa é inversa: obra estruturante com tarifa reduzida. Foi exatamente isso que o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, disse na cerimônia: o Estado conseguiu, na média dos seis lotes, um valor por quilômetro 49% menor que o praticado nos contratos anteriores, agora com todas as obras incluídas. Esse tem sido o principal argumento do governo para justificar o retorno das praças: “o usuário vai pagar, mas vai ver a obra”.
Vencedora: Reúne Rodovias Holding S.A.
Desconto (deságio): 23,83%
Aporte anunciado na abertura: R$ 146.298.413,48
Aporte corrigido pela comissão do leilão: cerca de R$ 399.000.000,00 menos R$ 455.959,54 (valor informado ao fim da sessão)
2ª colocada: Way Concessões S.A., com 16,70%
Motivo da vitória direta: diferença entre as propostas ficou acima da faixa que levaria para fase competitiva
A própria fala da mesa da ANTT e do Ministério deixou claro que o valor lido primeiro pertencia a outro leilão e que, para o lote 5 do Paraná, o aporte correto era maior. Isso mostra que o lote foi disputado, atrativo e considerado seguro pelo mercado, porque reúne boa malha federal e estadual, alto fluxo e horizonte de obras.
O governador Ratinho Júnior classificou o leilão como “dia de vitória”, lembrando que o Estado viveu 24 anos de pedágio caro, sem obras e com escândalos, e que o novo modelo foi pensado para ser transparente (na B3), com obras obrigatórias e preço justo. Ele ressaltou que os seis lotes devem gerar mais de 1.800 km de duplicações, mais de 500 km de faixas adicionais e pelo menos seis áreas de escape, além de contornos importantes para tirar caminhões e carretas de dentro das cidades cortadas pelas rodovias.
Na avaliação do governo, essa configuração beneficia diretamente o Oeste e, por tabela, Marechal Cândido Rondon, que hoje é polo logístico, agroindustrial e educacional, e depende de rodovia fluida para crescer. Com a BR-163 no pacote, o município passa a ser atendido por padrão de rodovia concedida, com monitoramento, assistência 24h e, mais adiante, intervenções de capacidade.
Outro ponto frisado pelas autoridades é que o usuário frequente poderá ter desconto adicional (DUF), chegando a pagar até metade da tarifa de face, justamente para não penalizar moradores e trabalhadores que passam diariamente nas praças. Para motos, foi lembrado que não haverá cobrança dentro do modelo federal, e que quem utilizar TAG terá 5% de desconto.
O ministro Renan Filho ainda comparou com o modelo paulista de implantação rápida do free flow, dizendo que, nos contratos federais, o sistema é optativo até o quinto ano, dando tempo para adaptação e evitando recuos.
Para o leitor rondonense, o resumo é direto:
A BR-163, que passa por Marechal Cândido Rondon, está no lote 5 e será pedagiada.
A tarifa promete ser mais baixa que a do antigo modelo.
Em troca, a rodovia deverá receber investimento, conservação e ampliação de capacidade.
O Estado e a União prometem fiscalização rígida pela ANTT para garantir que as obras apareçam.
Ou seja: o pedágio volta, mas o governo diz que, desta vez, a conta vai aparecer em forma de obras e não apenas no bolso do motorista.
 
  
  
  
 