A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) apresentou nesta terça-feira (5) uma análise detalhada sobre os impactos da nova taxação imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que entra em vigor nesta quarta-feira (6). Durante uma live voltada a empresários e lideranças industriais, a entidade alertou para os riscos à competitividade da indústria paranaense, principalmente em setores com forte perfil exportador.
De acordo com o estudo apresentado, o Brasil passou a ser o país com maior taxação média sobre produtos importados pelos EUA, superando nações como Suíça, Canadá e China. O contraste é ainda maior em relação a outros países sul-americanos, como Chile e Colômbia, cujos produtos serão taxados em apenas 10%.
No caso do Paraná, cujas exportações ao mercado norte-americano somaram quase US$ 1,6 bilhão em 2024, a tarifa de 50% atinge oito dos dez principais produtos exportados. Apenas os setores de papel e celulose (com US$ 53,8 milhões exportados em 2024) e suco de laranja (US$ 9,5 milhões) ficaram isentos.
O setor mais atingido é o madeireiro, que responde por quase 40% das exportações do estado aos EUA. Em 2024, as empresas paranaenses do segmento movimentaram mais de US$ 614 milhões em vendas ao país norte-americano, com casos de empresas que destinam mais de 95% da produção ao mercado externo.
A nova tarifa ameaça diretamente a sustentabilidade dessas exportações e coloca em risco os 38 mil empregos diretos gerados pelo setor no Paraná. Municípios como Bituruna, União da Vitória e Imbituva, altamente dependentes da indústria madeireira, podem sofrer os efeitos mais intensos, com possível retração econômica e desemprego.
“Essa taxação atinge em cheio a competitividade da indústria paranaense - por isso, é essencial uma resposta firme do governo brasileiro”, afirmou Paulo Pupo, diretor da Fiep e coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais. Ele defendeu ações imediatas por parte do governo federal, inclusive com negociações diretas com os EUA para reverter ou atenuar a medida.
Além da madeira, setores como metalmecânico (US$ 397 milhões exportados), couro (US$ 47 milhões), cerâmica (US$ 33 milhões), móveis (US$ 14 milhões) e alimentos como café, mate e carne também serão impactados.
A Fiep informou que já protocolou uma série de pleitos junto aos governos estadual e federal para reduzir os impactos da nova tarifa. Entre eles estão a criação de linhas de crédito emergenciais, prorrogação de financiamentos e liberação de créditos acumulados de ICMS. O Governo do Paraná já teria sinalizado positivamente e adotado algumas dessas medidas.
“O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, está em articulação constante com a CNI e com autoridades federais para buscar soluções rápidas. Sabemos que se trata de um cenário complexo, que exige firmeza e persistência institucional”, destacou o superintendente da entidade, João Arthur Mohr.