Diante da confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, o Paraná — maior produtor e exportador de carne de frango do Brasil — mobilizou lideranças e técnicos da agropecuária para fortalecer ações de prevenção e proteger sua posição estratégica no cenário nacional e internacional.
A reunião de emergência, realizada na manhã deste sábado (17), foi convocada pelo secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, e contou com a participação virtual do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, além de representantes de entidades do setor produtivo e do governo estadual.
A palavra de ordem entre os participantes foi transparência. Segundo o ministro Fávaro, o isolamento da área afetada já foi implementado no Rio Grande do Sul, e a rastreabilidade dos pintainhos provenientes da região está em curso. Ele destacou que, apesar de a China e outros mercados importadores terem suspendido compras por até 60 dias, há espaço para negociações diplomáticas que encurtem esse período.
“Temos um foco recente, com cerca de 28 dias. Se conseguirmos eliminá-lo e comprovar a rastreabilidade, é possível retomar as exportações com mais rapidez”, afirmou Fávaro.
A declaração foi endossada por Marcio Nunes, que alertou para a necessidade de vigilância total nas cerca de 20 mil granjas paranaenses. “Neste momento, é fundamental que cada produtor faça a sua parte. A integridade das estruturas, os cuidados com desinfecção e a restrição de acesso às propriedades são indispensáveis”, reforçou.
Entre as orientações repassadas aos produtores rurais, estão:
Verificação e manutenção de telas de proteção, evitando qualquer brecha por onde animais silvestres possam entrar;
Restrições rigorosas de acesso às granjas, com higienização obrigatória de roupas, calçados e veículos;
Notificação imediata à Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) diante de qualquer comportamento anormal das aves.
Segundo o presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, a vigilância tem sido intensiva, com amostragens regulares em mais de 300 propriedades e respostas a suspeitas em menos de 12 horas. Ele ainda reforça que, até o momento, o Paraná não apresenta nenhum caso confirmado ou em investigação.
Martins também orienta os produtores a observarem possíveis sinais da doença: dificuldade respiratória, secreções, espirros, diarreia, incoordenação motora ou mortalidade atípica. E tranquiliza a população:
“O consumo de carne de frango está totalmente seguro. A gripe aviária não se transmite por ingestão de carne cozida ou ovos, apenas por contato direto com aves vivas infectadas”.
Além das lideranças governamentais, a reunião contou com representantes da Faep, Sistema Ocepar, Sindiavipar, do Ministério da Agricultura e de empresas produtoras de frango. A presença da cadeia produtiva reforçou o entendimento de que o controle da situação exige ações coordenadas e vigilância permanente.
O secretário Marcio Nunes foi enfático ao destacar que a proteção da avicultura é uma questão econômica e estratégica para o Paraná. O estado é responsável por quase 35% da produção nacional de carne de frango e lidera com 42% das exportações brasileiras do setor.
“Estamos falando de milhares de empregos, da segurança alimentar e da imagem do Paraná no mercado internacional. Nosso compromisso é com a resposta rápida, técnica e responsável”, concluiu.
Com os protocolos ativados e a vigilância intensificada, o Paraná trabalha para manter seu status sanitário e garantir a continuidade das exportações. A articulação entre as autoridades locais, o governo federal e os representantes do setor será fundamental para mitigar os impactos e preservar a credibilidade do estado como referência global em avicultura de qualidade.