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O silêncio após a última bênção: Papa Francisco morre aos 88 anos no Vaticano

Líder espiritual de uma era marcada pela simplicidade e pelo olhar aos marginalizados, Francisco parte deixando um legado de fé ativa e voz firme pela justiça social

Por: João Livi
21/04/2025 às 06h41 Atualizada em 21/04/2025 às 09h33
O silêncio após a última bênção: Papa Francisco morre aos 88 anos no Vaticano
Foto: Vatican News

Em uma manhã de segunda-feira marcada por comoção e silêncio respeitoso, o Vaticano confirmou oficialmente a morte do Papa Francisco. A notícia foi transmitida diretamente da Capela da Casa Santa Marta pelo cardeal Kevin Farrell, Camerlengo da Santa Sé. “Às 7h35 desta manhã (horário de Roma), o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”, anunciou, com visível emoção.

Francisco, o primeiro papa latino-americano da história, faleceu aos 88 anos, após um pontificado que durou mais de uma década e deixou marcas profundas na Igreja Católica e no mundo. Reconhecido por seu estilo pastoral acessível, sua opção preferencial pelos pobres e a luta constante por uma Igreja mais aberta, o pontífice argentino deixa um vazio simbólico e espiritual.

O Papa Francisco em Roma. (Foto: Rosiane Livi)

Um papa que desceu dos palácios

Desde que surgiu na sacada da Basílica de São Pedro em março de 2013, Jorge Mario Bergoglio se apresentou ao mundo como "o bispo de Roma", rompendo com protocolos e adotando um tom humilde que marcaria todo o seu pontificado. A escolha do nome Francisco — inspirado no santo de Assis — já revelava sua missão: reconstruir a Igreja a partir da simplicidade e da proximidade com os que sofrem.

Ao optar por morar na Casa Santa Marta em vez do tradicional Palácio Apostólico, Francisco deu sinais claros de que o centro da fé católica deveria estar mais próximo do povo. Sua rotina diária, marcada por orações, encontros com migrantes, pessoas em situação de rua, vítimas de abuso e líderes de diferentes crenças, retratou um papa em movimento, sensível e atento aos dramas contemporâneos.

A última aparição pública

No domingo de Páscoa, um dia antes de sua morte, o pontífice fez sua última aparição pública ao entregar a mensagem Urbi et Orbi — à cidade e ao mundo. Na sacada da Basílica de São Pedro, visivelmente fragilizado, falou sobre esperança e reconciliação, pedindo paz às nações em guerra e atenção às dores humanas esquecidas.

A imagem de Francisco naquela manhã será lembrada como a despedida silenciosa de um pastor que, até o fim, cumpriu sua missão com a dignidade e a coerência de quem viveu o que pregou.

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O descanso de quem carregou o mundo

A morte do Papa Francisco abre espaço para uma pausa histórica. Não apenas para a Igreja, que se prepara para o luto e a transição, mas para os fiéis que encontraram no papa uma referência de humanidade diante de uma era de tensões e transformações.

Diferente de seus predecessores, Francisco frequentemente falou sobre o valor do descanso, inclusive sobre a possibilidade de renunciar se não tivesse mais forças para governar. Contudo, escolheu seguir, mesmo com as limitações impostas pela saúde, demonstrando que a liderança espiritual não está apenas na força do corpo, mas na clareza da alma.

O legado permanece

A frase final do cardeal Farrell ecoa não como despedida, mas como reconhecimento de uma trajetória: Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.

A Igreja perde um líder. O mundo perde uma voz que se fez presente nas dores humanas. E os fiéis, agora em oração, se despedem de um homem que acreditava no Evangelho como ferramenta de transformação social.

 

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