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Crise nos Correios ameaça cofres públicos e pode gerar impacto direto aos contribuintes

Empréstimo de R$ 12 bilhões com garantia do Tesouro acende alerta fiscal e levanta questionamentos sobre o futuro da estatal

Por: João Livi
31/12/2025 às 09h06
Crise nos Correios ameaça cofres públicos e pode gerar impacto direto aos contribuintes
Crise financeira dos Correios reacende debate sobre uso de recursos públicos e impacto nas contas do país.

A situação financeira dos Correios voltou ao centro do debate econômico nacional e passou a preocupar diretamente os contribuintes brasileiros. Caso a estatal não consiga honrar o empréstimo de R$ 12 bilhões já contratado, o impacto não ficará restrito à empresa: a conta pode recair sobre o Tesouro Nacional, que figura como garantidor da operação.

O alerta foi feito por Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados, em entrevista ao CNN Novo Dia. Segundo o economista, quando o Tesouro concede aval a esse tipo de empréstimo, assume automaticamente o compromisso de cobrir eventuais inadimplências da estatal.

Risco fiscal cresce com novos aportes previstos

O cenário se torna ainda mais delicado após declarações do próprio presidente dos Correios, que indicou que os R$ 12 bilhões não serão suficientes para reverter a crise financeira da empresa. A estimativa interna aponta para a necessidade de mais R$ 8 bilhões já em 2026, ampliando o risco fiscal em um momento no qual as contas públicas já apresentam fragilidade.

Gesner Oliveira ressalta que o Brasil caminha para um déficit projetado em 2026, além de um quadro fiscal considerado sensível em 2025. Nesse contexto, qualquer obrigação adicional assumida pelo Tesouro tende a pressionar ainda mais o equilíbrio das contas públicas.

Reestruturação levanta dúvidas sobre prioridade

Embora reconheça que o plano de reestruturação apresentado pelos Correios contenha medidas esperadas para uma empresa em dificuldades, o economista questiona o volume de recursos mobilizados para tentar recuperar a estatal. Na avaliação dele, o mercado de encomendas e logística já é amplamente atendido pelo setor privado, o que reduz a justificativa para um esforço financeiro tão elevado por parte do Estado.

Gesner lembra que os Correios integravam a lista de empresas passíveis de privatização e que foram retirados desse processo em 2023, decisão que ele classifica como equivocada diante do atual cenário econômico.

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Debate sobre prioridades nacionais

Para o especialista, o ponto central da discussão vai além da saúde financeira da estatal. O economista destaca que o país enfrenta demandas urgentes em áreas como segurança pública, saúde e educação, enquanto direciona bilhões de reais para sustentar uma empresa cujo desempenho já não acompanha o dinamismo do mercado.

Na avaliação de Gesner Oliveira, manter aportes sucessivos nos Correios representa uma escolha que pesa sobre o orçamento público e amplia o risco de transferência do prejuízo para toda a sociedade, caso a estatal não consiga cumprir suas obrigações financeiras.

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