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Correios anunciam reestruturação com fechamento de 16% das agências e plano para reduzir déficits

Estatal prevê economia de bilhões, demissões voluntárias e possível mudança societária para enfrentar crise financeira acumulada desde 2022

Por: João Livi
29/12/2025 às 14h56
Correios anunciam reestruturação com fechamento de 16% das agências e plano para reduzir déficits
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasi)

Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29) um amplo plano de reestruturação com o objetivo de conter os déficits financeiros registrados nos últimos anos. A principal medida prevê o fechamento de cerca de 16% das agências próprias da estatal, o equivalente a aproximadamente mil unidades das cerca de seis mil atualmente em funcionamento em todo o país.

De acordo com a direção da empresa, a iniciativa deve gerar uma economia estimada em R$ 2,1 bilhões. Somadas às unidades operadas por meio de parcerias, a rede dos Correios conta hoje com cerca de 10 mil pontos de atendimento em território nacional. O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, afirmou que o processo será conduzido de forma a preservar o princípio constitucional da universalização do serviço postal.

“A ponderação será feita entre o resultado financeiro das agências e a necessidade de garantir a universalização. O fechamento de unidades não pode comprometer o atendimento da população”, explicou durante coletiva de imprensa em Brasília.

Cortes de despesas e demissão voluntária

O plano de reestruturação projeta uma redução de despesas de até R$ 5 bilhões até 2028. Entre as ações previstas estão dois Programas de Demissão Voluntária (PDVs), programados para 2026 e 2027, com a expectativa de reduzir o quadro funcional em cerca de 15 mil empregados até o final do período.

Segundo Rondon, a rigidez da estrutura de custos é um dos principais entraves à recuperação financeira da empresa. Atualmente, cerca de 90% das despesas dos Correios são fixas, o que dificulta ajustes rápidos diante das mudanças do mercado.

Com as adesões aos PDVs e a revisão de benefícios, a estatal estima reduzir em R$ 2,1 bilhões anuais as despesas com pessoal. O plano também inclui a venda de imóveis, com potencial de arrecadação de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

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Déficit acumulado e busca por recursos

A reestruturação ocorre em meio a um cenário financeiro crítico. Desde 2022, os Correios acumulam déficits estruturais estimados em cerca de R$ 4 bilhões por ano. Apenas nos nove primeiros meses de 2025, o saldo negativo chegou a R$ 6 bilhões, enquanto o patrimônio líquido da companhia atingiu R$ 10,4 bilhões negativos.

Para reforçar o caixa, a empresa contratou recentemente um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a instituições financeiras. Ainda assim, a direção busca outras fontes de recursos para levantar cerca de R$ 8 bilhões adicionais necessários para equilibrar as contas em 2026.

Possível abertura de capital

Outra frente em estudo é a mudança no modelo societário da empresa a partir de 2027. Atualmente 100% pública, a estatal avalia a possibilidade de abertura de capital, transformando-se em uma companhia de economia mista, a exemplo do que ocorre com Petrobras e Banco do Brasil.

A proposta ainda está em fase de análise e dependerá de decisões políticas e legais, mas integra o conjunto de alternativas para garantir sustentabilidade financeira no médio e longo prazo.

Revisão de benefícios e sustentabilidade do serviço

O plano prevê ainda a revisão dos aportes da empresa nos planos de saúde e previdência dos empregados. Segundo a presidência, embora os benefícios ofereçam ampla cobertura, o modelo atual é considerado financeiramente insustentável.

“O plano de saúde precisa ser completamente revisto. Ele atende bem o trabalhador, mas hoje representa um custo elevado para a empresa”, justificou Rondon.

Apesar das medidas de ajuste, a direção dos Correios sustenta que o objetivo vai além do equilíbrio financeiro. “Esse plano reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, fundamental para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário aos serviços logísticos, especialmente em regiões onde a iniciativa privada não chega”, concluiu o presidente.

 

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