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Tempestades, tornados e chuva acima da média: novembro de 2025 entra para a história como um dos mais extremos no Paraná

Mês registrou três tornados, granizo generalizado e acumulados de chuva que superaram 300 mm em diversas regiões, segundo balanço do Simepar

Por: João Livi Fonte: Simepar
02/12/2025 às 08h54
Tempestades, tornados e chuva acima da média: novembro de 2025 entra para a história como um dos mais extremos no Paraná
Tornados e chuvas intensas transformaram novembro de 2025 em um dos meses mais extremos já registrados no Paraná, segundo o Simepar. (Imagens: Divulgação/Simepar)

Novembro de 2025 não passou despercebido no Paraná. O levantamento consolidado do Simepar mostrou que o mês foi marcado por extremos climáticos raros: temperaturas abaixo da média em grande parte do Estado, volumes de chuva muito superiores ao esperado e a formação de três tornados que devastaram cidades do Sudoeste e Centro-Sul. O cenário foi agravado por tempestades típicas da primavera, com granizo frequente, rajadas acima de 50 km/h e instabilidade constante.

A maior parte do Paraná registrou temperaturas médias dentro ou abaixo do padrão histórico. Em localidades como Antonina, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, a média ficou até 1,2°C abaixo do esperado. Mínimas igualmente reduzidas - entre 1°C e 1,5°C abaixo da média - foram observadas em áreas de Joaquim Távora, Ibaiti, Telêmaco Borba, Guaíra, Assis Chateaubriand e Foz do Iguaçu.

O comportamento das temperaturas máximas reforçou a tendência: no Litoral e em quase todo o Oeste e Noroeste, os termômetros ficaram de 1°C a 2°C abaixo da média. Exceções como Guaíra, Altônia e Foz do Iguaçu permaneceram dentro da normalidade. Já Cândido de Abreu destoou, registrando 30,8°C - acima da média histórica de 29,5°C.

Apesar do predomínio de temperaturas amenas, a última semana do mês elevou a média final. Por quatro dias seguidos, diversas cidades passaram dos 35°C, numa onda de calor que contrastou com o restante do mês.

Chuva acima da média domina o Estado

Apenas nove das 41 estações com mais de seis anos de operação registraram chuva abaixo da média. No restante do Estado, a água caiu com força. Municípios como Apucarana, Cândido de Abreu, Campo Mourão, Cianorte, Guaratuba, Londrina, Santa Helena e Ubiratã ultrapassaram a média histórica em mais de 100 mm.

O comportamento extremo ficou evidente em localidades como Cianorte, Santa Helena e Campo Mourão, onde o total do mês foi superado já nos dois primeiros dias. Guaratuba teve 108,8 mm de chuva em apenas 24 horas, e Cornélio Procópio registrou o maior volume desde o início da medição em 2018.

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Outras cidades também bateram recordes históricos, como Apucarana, Lapa, Londrina, Cerro Azul, Palotina, Pinhão e Telêmaco Borba, com acumulados inéditos em até uma década.

Segundo o meteorologista Reinaldo Kneib, a primavera já favorece tempestades intensas, mas a Oscilação Antártica em fase negativa intensificou a passagem de sistemas frontais, contribuindo para o padrão de instabilidade que dominou o Estado.

Três tornados devastam regiões do Paraná

O episódio mais crítico ocorreu em 7 de novembro, quando o ramo frio de um ciclone extratropical gerou supercélulas - tempestades rotativas capazes de produzir tornados de grande intensidade. O resultado foi um evento raro, considerado pelo Simepar um dos mais significativos dos últimos 30 anos.

Tornado 1 – 75 km de destruição
A primeira supercélula percorreu 270 km e formou dois tornados. O Tornado 1 foi o mais devastador: passou por Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu e diversas cidades, atingindo categoria F4 em Rio Bonito do Iguaçu, que teve 90% das edificações destruídas. A trilha de destruição alcançou 12.426 hectares, com largura variando de 750 a 3.250 metros.

Tornado 2 – força extrema em Entre Rios
Na mesma supercélula, o Tornado 2 atingiu Candói (F2) e o distrito de Entre Rios, em Guarapuava, em categoria F4. Foram 44 km de percurso e 2.301 hectares afetados.

Tornado 3 – Turvo sob impacto
A segunda supercélula percorreu 230 km e gerou o Tornado 3, que alcançou Turvo em categoria F2. Embora menor, deixou 570 hectares destruídos.

O laudo final - elaborado após duas semanas de campo, sobrevoos e análise de imagens - confirmou que a conjunção de tornados, intensidade e área atingida configura um dos maiores episódios desse tipo no Paraná em três décadas.

Recordes de chuva: destaques das estações

A seguir, alguns acumulados de destaque:

  • Cândido de Abreu: média 130,1 mm / registrado 303,8 mm

  • Campo Mourão: média 146 mm / registrado 302 mm

  • Santa Helena: média 156 mm / registrado 311,8 mm

  • Guaratuba: média 218,8 mm / registrado 334,4 mm

  • Cornélio Procópio: média 139,3 mm / registrado 282,8 mm

  • Apucarana: média 161,2 mm / registrado 275,8 mm

  • Londrina: média 154,6 mm / registrado 271,22 mm

  • Cianorte: média 114,9 mm / registrado 275,8 mm

Com temperaturas irregulares, chuvas acima da média e tornados raros, novembro de 2025 reforça o alerta sobre extremos climáticos no Paraná. O Simepar já indica que dezembro deve seguir o padrão instável, porém com menor volume de chuvas e mais dias de sol - uma trégua parcial após um mês que ficará marcado na memória dos paranaenses.

 

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