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Fim de uma era: Banco Central desliga plataforma do Drex e adia lançamento do Real Digital

Após quatro anos de testes, o BC encerra a infraestrutura do projeto e inicia uma pausa estratégica para redefinir tecnologia e foco de atuação

Por: João Livi Fonte: Banco Central
05/11/2025 às 08h58
Fim de uma era: Banco Central desliga plataforma do Drex e adia lançamento do Real Digital
Painel com o logo “Drex – Real Digital” durante evento sobre moedas digitais no Brasil. (Foto: Imagem: Divulgação/Banco Central)

O Banco Central do Brasil confirmou o desligamento da plataforma de testes do Drex, a moeda digital do real, após quatro anos de desenvolvimento. A decisão marca o fim da fase piloto do projeto, que será reconfigurado antes de avançar para uma nova etapa. A medida adia indefinidamente o lançamento do Real Digital e reflete preocupações com segurança, privacidade e viabilidade tecnológica.

Um projeto ambicioso que esbarrou em limites técnicos

Lançado em 2021, o Drex fazia parte da estratégia do Banco Central para criar uma moeda digital de banco central (CBDC), alinhada a iniciativas semelhantes em outros países. Baseada na tecnologia blockchain Hyperledger Besu, a plataforma buscava integrar o ecossistema financeiro digital brasileiro - unindo Pix, Open Finance e tokenização de ativos.

Entretanto, o sistema não atendeu plenamente aos critérios de privacidade e escalabilidade exigidos pelo BC. Em reunião realizada no dia 4 de novembro, o órgão comunicou oficialmente aos consórcios participantes do piloto que a plataforma seria desativada e que uma nova fase começará em 2026, com revisão total da infraestrutura.

Por que o Drex foi desligado

O desligamento da plataforma se deve a uma combinação de fatores técnicos, regulatórios e estratégicos:

  • Privacidade e segurança insuficientes: a arquitetura atual não conseguiu garantir confidencialidade total das operações, requisito essencial para um sistema financeiro nacional.

  • Custo e complexidade elevados: a solução blockchain mostrou-se cara e difícil de escalar para o uso em larga escala.

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  • Mudança de foco: o BC decidiu priorizar a análise de casos de uso práticos antes de escolher a tecnologia definitiva, em vez de manter a abordagem “tecnologia primeiro”.

De acordo com fontes próximas ao projeto, o Banco Central planeja adotar um modelo “agnóstico em tecnologia”, sem compromisso prévio com o blockchain, e abrir espaço para alternativas mais seguras e compatíveis com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Reconfiguração e adiamento do lançamento

O lançamento público do Drex, previsto inicialmente para 2025, foi adiado por tempo indeterminado. A nova etapa do projeto terá foco em operações de alto valor - como garantias no mercado de crédito e liquidação de títulos -, deixando em segundo plano o uso cotidiano para pagamentos de varejo.

Mesmo com a pausa, o BC reforçou que o projeto não foi cancelado, apenas suspenso para reestruturação. A autarquia segue comprometida com a modernização financeira e com a digitalização da economia, mas priorizando segurança, governança e transparência.

Impactos e expectativas no mercado

A decisão causou cautela entre os consórcios de bancos, fintechs e empresas de tecnologia que participaram dos testes. Apesar da paralisação, especialistas apontam que a tokenização de ativos - conceito central do Drex - deve seguir em projetos paralelos e inspirar novos produtos integrados ao Pix e ao Open Finance.

Entre as principais expectativas do setor estão:

  • Definição dos casos de uso que o Drex deve suportar, como liquidação de títulos públicos e pagamentos internacionais.

  • Escolha da nova infraestrutura tecnológica, que poderá ou não utilizar blockchain.

  • Garantia de que a próxima fase alinhará segurança, escalabilidade e interoperabilidade para o sistema financeiro nacional.

 

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