Jornalistas e produtores rurais de várias regiões do Paraná participaram, no último sábado (27), de uma imersão no litoral do Estado para conhecer de perto como funcionam as Indicações Geográficas (IGs) e seu impacto no território. A iniciativa, promovida pelo Sebrae/PR em parceria com o Festival Tutano Gastronomia, integrou a programação do Fórum Origens Paraná. A caravana - com 14 participantes - partiu do Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, rumo a Morretes e Antonina.
Ao longo do percurso, o grupo vivenciou IGs que já distinguem a região: o barreado do Litoral do Paraná, a bala de banana de Antonina e a cachaça/aguardente de Morretes. Para Maria Isabel Rosa Guimarães, consultora do Sebrae/PR, levar o debate “do auditório para o campo” foi essencial: ao experimentar, conversar e ver processos, os participantes conectaram empreendedores, especialistas e público, ampliando a valorização do território, movimentando a economia local e impulsionando o turismo de experiência.
A professora e pesquisadora de gastronomia do IFPR – campus Foz do Iguaçu, Paola Stefanutti, destacou o papel do Sebrae/PR como referência na gestão e difusão das IGs e afirmou que a jornada fornece insumos práticos para formar futuros chefs, gestores de hotéis e donos de restaurantes, estimulando a inserção desses produtos nos cardápios.
Em Morretes, a visita começou na Casa Poletto, com bastidores da produção artesanal de cachaça e degustação de rótulos com selo de IG. O proprietário Sadi Poletto ressaltou que abrir a fábrica ao público ajuda a contar a história por trás do produto — diferencial que fideliza consumidores, agrega valor e contribui para a permanência de novas gerações no campo.
Na sequência, o grupo saboreou o barreado, prato emblemático do litoral, reconhecido como patrimônio cultural e gastronômico e distinguido por IG. A jornalista Juliana Simon Venâncio (SP) avaliou a experiência como um mergulho que vai além da refeição: é contato com cultura e memória - insumos valiosos para levar essa narrativa a novos públicos. Para Rodrigo Sadao Inumaro, produtor de uvas em Marialva e colaborador da Comafrut, a missão evidenciou a força da IG para valorizar produtores e inspirar boas práticas na cooperativa.
O roteiro seguiu para Antonina, com visitas a duas fábricas de bala de banana - produto que obteve IG em 2020 e virou patrimônio imaterial do Paraná. Na Bananina, a empresária Bárbara Mendes Krenk explicou como o selo reforçou a identidade do negócio, atraiu visitantes e abriu espaço para comercializar outros itens com IG do Estado, fortalecendo o território de forma coletiva. Já na tradicional Bala de Banana de Antonina, os irmãos João Soter Corrêa Neto e Rafaela Takasaki Corrêa - terceira geração à frente da empresa - mostraram o processo semiartesanal e relataram que a IG, conquistada após quase dez anos de trabalho, ajudou a reposicionar a marca e a valorizar os pequenos bananicultores que abastecem a indústria.
Para a jornalista Luiza Vieira Fecarotta, o diferencial das visitas está em ouvir as famílias e suas histórias: cada produto carrega uma narrativa que extrapola a embalagem e fortalece a identidade regional.
De volta a Curitiba, a comitiva participou do Festival Tutano, no MON, que apresentou ao público 19 das 21 Indicações Geográficas do Paraná. Entre elas, bala de banana de Antonina; cachaça e aguardente de Morretes; broas de centeio de Curitiba; café de Mandaguari; cafés especiais do Norte Pioneiro; camomila de Mandirituba; carne de onça de Curitiba; cracóvia de Prudentópolis; erva-mate de São Mateus; goiaba de Carlópolis; mel de Ortigueira; mel do Oeste do Paraná; morango do Norte Pioneiro; ponkan de Cerro Azul; queijo colonial do Sudoeste; queijos de Witmarsum; uvas finas de Marialva; vinhos de Bituruna; e o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil (IG catarinense que também envolve municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul).
A abertura oficial, na sexta (26), homenageou cada IG com uma placa de cerâmica da marca Origens Paraná, com os selos de Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO). As peças foram produzidas pela artesã Vanessa Nakano (Vsnak Cerâmica Artesanal). O evento também promoveu rodadas de negócios e painéis temáticos que aproximaram sustentabilidade, mercado e inovação, reforçando as IGs como ferramentas de cultura e desenvolvimento econômico.
A realização envolveu Governo do Estado, IDR-PR, UFPR, PUCPR, Senac, MAPA, INPI e o Sebrae/PR como promotor - uma rede que, a muitas mãos, vem consolidando o Paraná como referência nacional em produtos de origem e turismo de experiência