O dólar à vista encerrou o pregão desta quarta-feira (17) cotado a R$ 5,3220, queda de 0,59%. O recuo reflete a decisão do Federal Reserve, que anunciou ontem o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, iniciando um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos. O movimento, já parcialmente precificado, reforça a tendência de enfraquecimento da moeda americana frente a emergentes como o real.
Com o corte de juros, o diferencial que favorecia o dólar diminui, abrindo espaço para ativos de países com taxas reais mais altas, como o Brasil. A moeda brasileira também é sustentada pelo desempenho relativamente positivo da economia doméstica e pelos últimos dados de inflação, que reduziram apostas em cortes mais agressivos da Selic.
No exterior, a aversão ao risco permanece moderada. Tensões geopolíticas, desaceleração da China e decisões monetárias em grandes economias seguem no radar, mas o fluxo de capital para emergentes continua favorecendo moedas como o real. Na Europa, o euro superou US$ 1,18, maior nível de 2025, confirmando a tendência de enfraquecimento global do dólar.
Apesar da perspectiva de curto prazo favorável ao real, analistas destacam a necessidade de cautela. Questões fiscais e políticas no Brasil, bem como dados de inflação e emprego nos EUA, podem reverter o atual movimento. As projeções indicam oscilação do dólar entre R$ 5,20 e R$ 5,40 até o fim do ano.
O ouro à vista está cotado a US$ 3.669,96 por onça, levemente abaixo do recorde histórico, mas mantendo-se em nível elevado. A correção pontual ocorre após fortes altas impulsionadas pelas expectativas de cortes nos juros americanos, fator que tradicionalmente fortalece ativos de porto-seguro.
O metal segue sustentado pela fraqueza do dólar e pela demanda institucional, especialmente de bancos centrais, que continuam ampliando reservas. O UBS elevou sua projeção para o ouro ao fim de 2025 para US$ 3.800 por onça e estima US$ 3.900 em 2026. Já o Deutsche Bank prevê até US$ 4.000 por onça em meados de 2026.
Apesar do otimismo estrutural, analistas alertam para espaço de correção de curto prazo entre 5% e 6%, caso o dólar volte a se fortalecer ou se os dados econômicos dos EUA alterarem expectativas sobre juros. Após esse ajuste, o mercado projeta retomada da trajetória ascendente em direção a US$ 4.000 por onça.
No Brasil, os preços do ouro seguem sensíveis ao câmbio, à inflação e à política fiscal. O juro real elevado pode reduzir pressões inflacionárias, mas instabilidades fiscais e externas ainda pesam sobre prêmios locais. O cenário internacional, com o ouro em patamar recorde, tende a repercutir fortemente no mercado interno, influenciando custos de importação, preços de joias e margens de revendas.