A Itaipu Binacional deu início nesta semana à montagem da primeira usina solar flutuante experimental em seu reservatório. O primeiro conjunto de painéis fotovoltaicos já foi colocado na água, marcando o início de uma etapa que deve se estender até o fim de setembro. A expectativa é que a estrutura esteja em operação plena ainda em 2025, com toda a energia gerada destinada ao consumo interno da própria usina.
O projeto prevê a instalação de 1.584 módulos solares, cada um com potência de 705 watts-pico (Wp), apoiados sobre 4.199 flutuadores. Juntas, as placas formarão uma “ilha solar” com capacidade de 1 megawatt-pico (MWp), volume suficiente para abastecer aproximadamente 650 residências. Ao todo, serão dez segmentos interligados; o primeiro deles, com 132 painéis, já foi concluído.
Segundo o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, a iniciativa fortalece o papel da usina como agente de inovação no setor elétrico. O projeto busca integrar novas tecnologias ao modelo de geração sem interferir na principal missão da binacional: garantir produção hidrelétrica estável e sustentável.
A implantação da usina está a cargo de um consórcio formado pelas empresas Sunlution (Brasil) e Luxacril (Paraguai), vencedor do edital internacional de US$ 854,5 mil. O sistema será conectado à subestação localizada na margem paraguaia do reservatório. Com certificações internacionais, os equipamentos têm vida útil estimada em 30 anos e resistência a intempéries.
Para o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, a experiência será fundamental para avaliar aspectos técnicos, ambientais e de integração com a rede interna. O projeto também permitirá comparar a eficiência entre a geração em solo e em superfície aquática.
Embora de caráter experimental, a iniciativa aponta para um potencial gigantesco. Meneghetti calcula que, se apenas 10% do espelho d’água do reservatório fosse ocupado por painéis solares, a capacidade instalada alcançaria 14 mil MW — equivalente à própria Itaipu. “O dado é teórico, mas mostra como essa tecnologia pode se tornar estratégica no futuro”, afirmou.