REPORTAGEM EM VÍDEO
Durante o mês de agosto, marcado pela campanha Agosto Lilás, o Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), órgão do Governo do Estado do Paraná vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, intensifica as ações de enfrentamento à violência contra a mulher em Marechal Cândido Rondon e municípios da comarca. O atendimento é realizado no campus da Unioeste e busca orientar, acolher e oferecer suporte jurídico e psicológico às vítimas.
Em entrevista, o advogado e bolsista no NUMAPE, doutor Luan Seiji Furucho, destacou que a realidade da violência doméstica e familiar é alarmante e exige debate constante. Segundo ele, embora seja um tema difícil, é essencial que a sociedade o enfrente de forma aberta, buscando prevenir e romper ciclos de agressão.
O NUMAPE oferece serviços jurídicos e psicológicos sem custo, voltados prioritariamente a mulheres de baixa renda, mas aberto para orientações a qualquer vítima que busque ajuda. A equipe conta com advogados, psicólogos e estagiários capacitados para atuar tanto na área criminal - acompanhando as vítimas em audiências e processos - quanto na esfera cível, com ações de divórcio, guarda de filhos, regulamentação de visitas e pensão alimentícia.
O núcleo atende toda a comarca de Marechal Cândido Rondon, incluindo Nova Santa Rosa, Quatro Pontes, Mercedes e Pato Bragado. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, no campus da Unioeste.
Na entrevista, o advogado explicou que a dificuldade de romper uma relação abusiva muitas vezes envolve dependência financeira, ameaças ou mesmo sentimentos contraditórios, já que o agressor alterna momentos de violência com períodos de aparente afeto, caracterizando o chamado ciclo da violência. Esse padrão, dividido em fases de tensão, agressão e “lua de mel”, mantém muitas vítimas presas a relacionamentos prejudiciais.
A lei Maria da Penha reconhece cinco formas de violência: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. O NUMAPE orienta e atua em todas essas situações, buscando proteger não apenas a integridade física, mas também a dignidade e a autonomia das mulheres.
Doutor Luan relatou que, em muitos casos, os filhos são profundamente afetados pela violência doméstica, desenvolvendo traumas que podem acompanhá-los por toda a vida. Ele citou como exemplo o pedido de um pré-adolescente para que a mãe deixasse o pai agressor, dizendo: “Eu não queria uma casa, eu queria um lar”.
Segundo o coordenador, situações como essa evidenciam que o problema não é apenas individual, mas social, e que seu enfrentamento deve envolver toda a comunidade.
Procurar o NUMAPE não significa necessariamente entrar com um processo judicial, mas buscar informações, acolhimento e apoio em momentos de vulnerabilidade. “A violência contra a mulher é um problema que não pode ser ignorado. Precisamos falar sobre isso, conscientizar e oferecer caminhos para que as vítimas possam recomeçar suas vidas com segurança e dignidade”, reforçou Luan.