
Mesmo diante do crescimento dos ataques cibernéticos e de campanhas constantes de conscientização, os brasileiros continuam adotando práticas frágeis quando o assunto é segurança digital. É o que revela a sétima edição do estudo anual “As 200 Senhas Mais Comuns”, divulgado pelas empresas NordPass e NordStellar.
Em 2025, a senha mais utilizada no Brasil foi novamente “admin”, seguida por sequências numéricas simples e padrões previsíveis, como “123456”, “12345678” e “102030”. O resultado evidencia que, apesar da evolução das ameaças virtuais, o comportamento dos usuários ainda não acompanha a necessidade de proteção adequada das contas online.
O ranking nacional mostra que palavras comuns, sequências numéricas e referências do cotidiano continuam dominando as escolhas dos usuários. Chamam atenção senhas como “mudar123”, “escola1234” e “gvt12345”, que revelam tanto a intenção de alterar a senha quanto a permanência em combinações extremamente vulneráveis.
Entre as 20 senhas mais usadas no Brasil em 2025 estão:
admin
123456
12345678
102030
123456789
12345
12345678910
123mudar
10203040
gvt12345
password
22446688
142536
mudar123
1234567
escola1234
111111
1234567890
123123
1q2w3e4r
Especialistas alertam que esse tipo de senha pode ser quebrado em segundos por meio de ataques de força bruta ou dicionários automatizados.
No ranking mundial, o cenário é semelhante. A senha “123456” lidera globalmente, seguida por “admin” e “12345678”. Sequências simples e variações de teclado continuam predominando entre os usuários de diferentes países.
Um ponto observado pelos pesquisadores foi o aumento do uso de caracteres especiais. Em 2025, 32 senhas do ranking global incluíram símbolos como “@”. No entanto, a maioria ainda segue padrões fracos, como “P@ssw0rd”, “Admin@123” ou “Abcd@1234”, que não representam uma melhoria significativa em termos de segurança.
A palavra “password” - ou suas traduções em idiomas locais - permanece entre as senhas mais utilizadas no mundo, reforçando a falta de criatividade e cuidado na proteção das contas.
A pesquisa também analisou o comportamento das senhas por faixa etária e revelou um dado curioso: jovens e idosos apresentam hábitos muito parecidos. Combinações como “12345” e “123456” aparecem no topo em praticamente todas as gerações.
Segundo os dados, usuários mais jovens tendem a usar sequências numéricas ou termos da cultura digital, enquanto gerações mais antigas ainda recorrem com frequência a nomes próprios. Entre os mais utilizados estão “Veronica” (geração X), “Maria” (Baby Boomers) e “Susana” (geração silenciosa).
De acordo com Karolis Arbaciauskas, chefe de produto da NordPass, cerca de 80% das violações de dados estão relacionadas a senhas fracas, reutilizadas ou comprometidas. Para ele, apesar de pequenas melhorias ao longo dos anos, o avanço ainda é lento.
“Os criminosos vão continuar explorando senhas fracas até encontrarem barreiras reais. Enquanto métodos como chaves de acesso e biometria não forem amplamente adotados, o uso de senhas fortes segue sendo essencial”, afirma.
Especialistas reforçam que atitudes simples podem reduzir significativamente os riscos de invasão. Entre as principais recomendações estão:
Criar senhas longas, com pelo menos 20 caracteres, combinando letras, números e símbolos
Nunca reutilizar a mesma senha em serviços diferentes
Revisar periodicamente senhas antigas ou frágeis
Utilizar gerenciadores de senhas confiáveis
Ativar a autenticação multifator (MFA) sempre que disponível
Em um cenário digital cada vez mais complexo, a escolha da senha continua sendo uma das primeiras e mais importantes linhas de defesa contra ataques cibernéticos - e, segundo os dados, ainda uma das mais negligenciadas.