O dólar encerrou o primeiro semestre de 2025 com queda de 10% frente a uma cesta de moedas globais - o pior desempenho desde a década de 1970. No Brasil, a cotação gira em torno de R$ 5,39 e já há projeções de que possa recuar para R$ 5,20 nos próximos meses.
O movimento é impulsionado pelo aumento das tarifas comerciais promovido pelo presidente norte-americano Donald Trump: até 50% para produtos brasileiros, 35% para o Canadá e 15% para países da União Europeia. A medida acelerou o processo de desdolarização, levando investidores a migrar recursos para moedas emergentes e blocos regionais. Nesse contexto, o real se fortalece e cria novas perspectivas para empresas brasileiras.
Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, a valorização do real e a queda do dólar oferecem um alívio real para o planejamento corporativo. “Esse novo patamar cambial reduz o custo de capital e viabiliza a retomada de projetos estruturais antes paralisados. Setores como tecnologia, consumo, construção civil, infraestrutura e imóveis tendem a puxar a recuperação, apoiados pela perspectiva de cortes nos juros americanos”, afirma.
A política protecionista dos Estados Unidos alimentou incertezas sobre a estabilidade de longo prazo da economia americana, reabrindo espaço para ativos brasileiros nos portfólios internacionais. “Empresas que se moverem rápido terão acesso a capital mais barato e poderão consolidar posições estratégicas. A janela é curta, mas extremamente relevante”, avalia Matos.
Mesmo diante de um cenário geopolítico instável, analistas veem na queda do dólar uma oportunidade rara de reposicionar a economia brasileira, atraindo investimentos e fortalecendo a presença internacional das empresas. A valorização do real, destacam, não é apenas consequência da fragilidade americana, mas também reflexo da capacidade do país de absorver os fluxos que se deslocam no tabuleiro econômico global.