Os ecos da guerra entre Israel e Irã, que se intensificou nos últimos dias, ultrapassaram as fronteiras do Oriente Médio e chegaram até o Brasil. Mísseis disparados de ambos os lados transformaram cidades em zonas de conflito e acenderam um alerta entre os brasileiros que vivem naquela região do mundo. Entre o medo, a urgência e a incerteza, relatos de fuga e desespero começam a surgir, revelando o impacto direto da crise sobre famílias brasileiras.
É assim que Mateus, um comerciante brasileiro que vivia em Teerã, resume sua tentativa de escapar dos bombardeios. Com a mala improvisada, documentos em mãos e o coração acelerado, ele deixou tudo para trás ao buscar refúgio fora do país. A capital iraniana tem sido alvo de retaliações e, segundo ele, a sensação era de que “ninguém está seguro, nem nas ruas, nem em casa”.
Já em Israel, onde os ataques também têm se concentrado, a realidade não é diferente. Sarah Salomão Neta, guia turística brasileira que mora em Bat Yam, próximo a Tel Aviv, relatou momentos de desespero ao ver o prédio vizinho ser atingido por um míssil. “A gente aprende a correr quando escuta a sirene. Já é quase automático. Mas nunca fica mais fácil”, conta, ainda abalada.
Com o céu tomado por foguetes e o sistema de defesa israelense “Iron Dome” operando sem descanso, a rotina em cidades como Tel Aviv, Haifa e Petah Tikva tornou-se imprevisível. Sirenes soam a qualquer hora do dia ou da noite, e a população se refugia em abrigos subterrâneos, garagens ou cômodos reforçados. Para muitas famílias brasileiras, especialmente aquelas com crianças e idosos, esses momentos têm sido marcados por pânico e apreensão.
“É um medo silencioso, que adormece com a gente e acorda junto”, disse uma brasileira em Jerusalém que preferiu não se identificar.
Diante da escalada do conflito, o governo brasileiro ativou canais de atendimento emergencial por meio do Itamaraty. Brasileiros interessados em deixar a região estão sendo cadastrados para possíveis voos de repatriação. O consulado em Tel Aviv também ampliou o suporte, oferecendo assistência a quem precisa de abrigo, documentação ou orientação para retorno.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores reforçou o compromisso com a segurança dos cidadãos e recomendou que os brasileiros evitem áreas de risco, sigam as orientações locais e mantenham contato com a embaixada.
Mesmo em meio ao caos, há quem tente manter uma rotina possível. Algumas famílias improvisam brincadeiras para distrair as crianças nos abrigos; outras se revezam na busca por alimentos e medicamentos. “Já vivi outras guerras aqui, mas essa parece diferente. Está mais intensa, mais próxima”, comenta um brasileiro naturalizado israelense.
O que permanece para todos é a espera por uma trégua — e a esperança de que a diplomacia internacional encontre uma saída antes que mais vidas sejam perdidas.