Sábado, 21 de Junho de 2025
12°C 19°C
Marechal Cândido Rondon, PR
Publicidade

Brasileiros vivem dias de medo com escalada do conflito entre Israel e Irã

Ataques intensificam clima de tensão e mobilizam ações de repatriação do governo brasileiro

Por: João Livi
21/06/2025 às 11h10
Brasileiros vivem dias de medo com escalada do conflito entre Israel e Irã
Público correndo para proteção em meio a sirenes e fumaça, em estação de trem/metrô.

Os ecos da guerra entre Israel e Irã, que se intensificou nos últimos dias, ultrapassaram as fronteiras do Oriente Médio e chegaram até o Brasil. Mísseis disparados de ambos os lados transformaram cidades em zonas de conflito e acenderam um alerta entre os brasileiros que vivem naquela região do mundo. Entre o medo, a urgência e a incerteza, relatos de fuga e desespero começam a surgir, revelando o impacto direto da crise sobre famílias brasileiras.

"Fugi em um táxi para a Turquia"

É assim que Mateus, um comerciante brasileiro que vivia em Teerã, resume sua tentativa de escapar dos bombardeios. Com a mala improvisada, documentos em mãos e o coração acelerado, ele deixou tudo para trás ao buscar refúgio fora do país. A capital iraniana tem sido alvo de retaliações e, segundo ele, a sensação era de que “ninguém está seguro, nem nas ruas, nem em casa”.

Já em Israel, onde os ataques também têm se concentrado, a realidade não é diferente. Sarah Salomão Neta, guia turística brasileira que mora em Bat Yam, próximo a Tel Aviv, relatou momentos de desespero ao ver o prédio vizinho ser atingido por um míssil. “A gente aprende a correr quando escuta a sirene. Já é quase automático. Mas nunca fica mais fácil”, conta, ainda abalada.

Vida em abrigos e alertas constantes

Com o céu tomado por foguetes e o sistema de defesa israelense “Iron Dome” operando sem descanso, a rotina em cidades como Tel Aviv, Haifa e Petah Tikva tornou-se imprevisível. Sirenes soam a qualquer hora do dia ou da noite, e a população se refugia em abrigos subterrâneos, garagens ou cômodos reforçados. Para muitas famílias brasileiras, especialmente aquelas com crianças e idosos, esses momentos têm sido marcados por pânico e apreensão.

É um medo silencioso, que adormece com a gente e acorda junto”, disse uma brasileira em Jerusalém que preferiu não se identificar.

Diplomacia em ação

Diante da escalada do conflito, o governo brasileiro ativou canais de atendimento emergencial por meio do Itamaraty. Brasileiros interessados em deixar a região estão sendo cadastrados para possíveis voos de repatriação. O consulado em Tel Aviv também ampliou o suporte, oferecendo assistência a quem precisa de abrigo, documentação ou orientação para retorno.

Continua após a publicidade
Anúncio

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores reforçou o compromisso com a segurança dos cidadãos e recomendou que os brasileiros evitem áreas de risco, sigam as orientações locais e mantenham contato com a embaixada.

Entre a fé e a sobrevivência

Mesmo em meio ao caos, há quem tente manter uma rotina possível. Algumas famílias improvisam brincadeiras para distrair as crianças nos abrigos; outras se revezam na busca por alimentos e medicamentos. “Já vivi outras guerras aqui, mas essa parece diferente. Está mais intensa, mais próxima”, comenta um brasileiro naturalizado israelense.

O que permanece para todos é a espera por uma trégua — e a esperança de que a diplomacia internacional encontre uma saída antes que mais vidas sejam perdidas.

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários