O anúncio da possível construção de um presídio na área rural de Marechal Cândido Rondon, com capacidade para abrigar até 400 detentos, provocou intensos debates durante a sessão do Poder Legislativo, realizada nesta segunda-feira (2). A proposta, que já conta com o apoio da maioria dos vereadores, enfrenta resistência da vereadora Tania Maion, que defende a realização de uma audiência pública para discutir os impactos do projeto.
O tema chegou oficialmente à Câmara por meio de um ofício enviado pelo coordenador regional do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Thiago da Costa Correia. No documento, ele argumenta que a construção da unidade não apenas fortalece o sistema prisional estadual, como também gera impacto positivo na segurança pública e na economia local.
Entre os principais benefícios apontados estão a retirada da atual cadeia pública do centro da cidade — considerada obsoleta e insegura — e o reforço na segurança, devido à presença permanente de policiais penais e à integração com as polícias Civil, Militar e Federal.
“A presença de uma estrutura prisional em área rural, somada ao aparato técnico e humano treinado, desestimula ações típicas de organizações criminosas”, defende Thiago Correia.
Além dos ganhos na segurança, o projeto também promete impulsionar a economia local. A previsão é de 80 vagas para policiais penais, com salários médios de R$ 9 mil, e outros 55 postos para funcionários terceirizados, com salários na faixa de R$ 3.200. Somados, os empregos podem injetar mensalmente cerca de R$ 150 mil na economia do município, além de contratos com empresas locais em áreas como alimentação, transporte, tecnologia e manutenção.
A discussão sobre a instalação de um presídio em Marechal Cândido Rondon não é nova. Ela se intensificou em 2024, quando todos os vereadores da legislatura passada assinaram um requerimento solicitando ao então prefeito Marcio Rauber que disponibilizasse uma área para a construção da unidade.
No início de 2025, o tema ganhou novo fôlego após uma reunião em Curitiba com o secretário estadual de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, o Coronel Hudson. Estiveram presentes o prefeito Adriano Backes, o vice-prefeito Vanderlei Sauer, o presidente da Câmara Valdir Sachser e o vereador Coronel Welyngton.
Desde então, a maioria dos parlamentares manifestou apoio à proposta. Contudo, o debate voltou a esquentar com o posicionamento contrário da vereadora Tania Maion, que solicita mais diálogo com a comunidade antes de qualquer decisão.
Na tribuna, Tania fez questão de esclarecer que não é contra a retirada da atual cadeia pública do centro da cidade, mas questiona se a instalação de uma penitenciária estadual é a melhor solução.
“Tenho consciência das condições precárias da cadeia. Ela é insalubre, superlotada e precisa ser desativada. Mas será que uma penitenciária estadual é a única medida possível? Esse tema precisa ser debatido com toda a comunidade, pois os impactos são grandes e vão além da geração de empregos”, alertou.
Para ela, uma audiência pública é essencial para ouvir a população, autoridades locais, especialistas e representantes da sociedade civil, criando um espaço democrático para esclarecimentos e avaliações dos impactos sociais e econômicos.
Em defesa do projeto, o vereador Coronel Welyngton reforçou que a atual cadeia pública, que hoje abriga mais de 90 presos, representa risco à segurança de servidores, detentos e da própria comunidade.
“É um barril de pólvora. As condições de trabalho são insustentáveis. Precisamos de uma solução urgente que garanta dignidade tanto aos profissionais quanto aos presos”, afirmou.
O parlamentar também lembrou um episódio que considera um erro histórico: a perda da construção da Delegacia Cidadã, que acabou sendo transferida para Guaíra por falta de apoio local.
“Perdemos R$ 10 milhões naquela ocasião. Não podemos cometer o mesmo erro agora. Estamos falando de um investimento de R$ 30 milhões, que será feito fora do perímetro urbano, sem impactos negativos para os moradores da área central”, destacou.
Welyngton citou como exemplo a penitenciária instalada em Guaíra, que gerou 180 empregos diretos e trouxe melhorias significativas para a segurança pública e a economia local.
“É preciso combater a desinformação. Antes de formar uma opinião, convido todos os vereadores e a população a visitarem a cadeia pública e conversarem com os profissionais que ali trabalham. Só assim será possível entender a gravidade da situação e a urgência de uma nova unidade prisional”, concluiu.