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China, União Europeia e Argentina suspendem importações de frango do Brasil

Mesmo com foco isolado no Rio Grande do Sul, principais mercados impõem restrições nacionais às exportações brasileiras por precaução sanitária

Por: João Livi Fonte: Ministério da Agricultura
17/05/2025 às 07h56
China, União Europeia e Argentina suspendem importações de frango do Brasil
O Brasil enfrenta suspensão temporária de mercados estratégicos após detecção de gripe aviária.

A confirmação de um caso de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um plantel comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, levou três importantes parceiros comerciais do Brasil — China, União Europeia e Argentina — a suspender temporariamente as importações de carne de frango do país. A medida, adotada nesta sexta-feira (16), tem duração inicial de 60 dias e foi comunicada após avaliação das autoridades sanitárias desses países, com base nos acordos firmados com o governo brasileiro.

O caso confirmado mobilizou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que reforçou a aplicação dos protocolos previstos em acordos sanitários internacionais. Ainda que o foco da doença seja regionalizado, as suspensões determinadas pela China e pela União Europeia têm abrangência nacional, refletindo as exigências específicas desses mercados.

A China, maior compradora da carne de frango brasileira, adquiriu 562,2 mil toneladas do produto apenas em 2024, o que representa cerca de 10,8% do total exportado pelo Brasil no período. Já o bloco europeu figura como o sétimo principal destino da proteína nacional, com mais de 231,8 mil toneladas compradas no ano passado, equivalentes a 4,49% das exportações, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A Argentina, embora com volume de importação consideravelmente menor, seguiu a mesma linha de precaução. O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) anunciou a suspensão dos produtos e subprodutos avícolas brasileiros até que seja comprovada a erradicação do vírus. O foco registrado no sul do Brasil está a cerca de 620 quilômetros da fronteira entre os dois países, o que elevou o nível de vigilância sanitária também em território argentino.

Reação do governo brasileiro

Em nota oficial, o Mapa reafirmou seu compromisso com a transparência e a sanidade dos produtos exportados. A pasta garantiu que seguirá à risca os protocolos internacionais:

"Reafirmando o compromisso de transparência e de responsabilidade com a qualidade e sanidade dos produtos exportados pelo Brasil, as restrições de exportação seguirão fielmente os acordos sanitários realizados com nossos parceiros comerciais".

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O ministério também destacou que vem trabalhando para que os acordos internacionais reconheçam o princípio da regionalização — uma diretriz da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) que estabelece a restrição comercial apenas nas áreas próximas ao foco de contaminação, geralmente em um raio de 10 quilômetros. No entanto, como ressaltado pelo próprio Mapa, cada país possui critérios próprios quanto à adoção da regionalização.

Impacto nas exportações e medidas de contenção

O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne de frango. Em 2024, o país já vendeu 5,2 milhões de toneladas do produto para 151 países, gerando uma receita de US$ 9,9 bilhões. Aproximadamente 35,3% da produção nacional é direcionada ao mercado externo, com destaque para os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que juntos respondem por 78% das exportações.

Países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas já aceitaram o princípio da regionalização e, até o momento, não adotaram bloqueios amplos às exportações brasileiras. Juntos, esses destinos representam 35,4% das exportações de carne de frango do Brasil.

No ano anterior, o Rio Grande do Sul também registrou um caso da doença de Newcastle (DNC), outro vírus que afeta aves. Com ações rápidas de contenção e vigilância, o Brasil conseguiu, em dez dias, declarar o fim do surto à Organização Mundial de Saúde Animal, retomando o fluxo comercial com os países afetados.

Risco sanitário é considerado baixo

Em comunicado separado, o Ministério da Agricultura esclareceu que o vírus da gripe aviária não é transmitido pelo consumo de carne ou ovos de aves.

"A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", declarou o órgão.

 

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