A atuação da ONG Arca de Noé, mantida pela Associação Grupo de Amparo de Proteção aos Animais (Gapa), em Marechal Cândido Rondon, é um exemplo de como a mobilização comunitária pode promover mudanças concretas no bem-estar animal. Coordenada por Rosemeri Lamberti, a entidade tem enfrentado, com recursos limitados, uma demanda crescente por acolhimento, atendimento e castração de cães e gatos em situação de abandono.
Segundo Rosemeri, apenas no mês de abril, foram cerca de 45 a 50 animais recolhidos das ruas, além de um número expressivo de atendimentos que pode ultrapassar 200 casos mensais. Somam-se a isso as castrações, que chegaram a 115 procedimentos somente naquele mês. Muitos dos serviços prestados são realizados de forma gratuita ou com custos reduzidos, visando atender famílias que resgatam animais e não possuem condições financeiras para arcar com os cuidados necessários.
Além dos atendimentos clínicos, a Arca de Noé realiza mensalmente feiras de adoção, onde os animais são entregues em condições ideais para se integrarem a um novo lar. Todos os bichos são vacinados, microchipados e acompanhados após a adoção, o que permite à ONG rastrear a situação de cada um. “Se um animal adotado for encontrado novamente nas ruas, conseguimos identificar o tutor e entender o que aconteceu”, explica Rosemeri. A adoção responsável é tratada com seriedade, e o compromisso da ONG vai além do ato de doar: há um acompanhamento contínuo da adaptação dos animais.
Outro destaque é a atuação educativa da entidade. Por meio de palestras em escolas e visitas à sede, a ONG busca sensibilizar crianças e adolescentes sobre os cuidados com os animais e o meio ambiente. “Quando a gente trabalha com educação desde cedo, estamos investindo em um futuro diferente, mais consciente e respeitoso”, reforça a presidente.
O apoio da sociedade civil tem sido fundamental para sustentar as atividades. Jovens de grupos como Arco-Íris, Ordem DeMolay, Rotaract Club , e Interact Clubpromovem campanhas de arrecadação de ração e produtos de limpeza, ajudam com serviços de manutenção do espaço e dedicam tempo para interagir com os animais. Estudantes de medicina veterinária e zootecnia também participam de ações voluntárias. Esse engajamento, segundo Rosemeri, é uma demonstração clara de que a causa animal não é apenas responsabilidade de poucos, mas de toda a comunidade.
A Arca de Noé se mantém como um elo entre o abandono e a dignidade, entre o sofrimento e a chance de um novo começo. É uma atuação que, embora silenciosa, transforma não apenas a vida de centenas de animais, mas também o olhar de uma cidade inteira sobre o que significa cuidar.