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Gelo polar atinge menor extensão já registrada

Redução drástica do gelo no Ártico e na Antártida evidencia impactos das mudanças climáticas

Por: João Livi Fonte: Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia
06/03/2025 às 08h47
Gelo polar atinge menor extensão já registrada
(Foto: Freepik)

A extensão do gelo marinho nos polos atingiu um novo recorde de mínima histórica no início de fevereiro de 2025. Segundo dados do Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia, divulgados nesta quinta-feira (6), a cobertura de gelo permaneceu abaixo do recorde anterior registrado em 2023. As medições foram feitas por satélite e englobam tanto o Ártico, no Hemisfério Norte, quanto a Antártida, no Hemisfério Sul.

No Ártico, a extensão do gelo ficou 8% abaixo da média para o período, marcando a menor cobertura já registrada para fevereiro, um mês que geralmente representa o auge da expansão do gelo. Nos últimos três meses, a região tem consecutivamente quebrado recordes de redução de gelo, o que reforça a preocupação com a aceleração do degelo polar.

Na Antártida, a situação também é alarmante. O gelo marinho atingiu a quarta menor extensão mensal já registrada para fevereiro, ficando 26% abaixo da média. Como esse é o período em que a cobertura de gelo atinge o seu ponto mínimo anual, há possibilidade de que um novo recorde negativo seja estabelecido em março. Caso isso não ocorra, fevereiro de 2025 será considerado o segundo pior mês em termos de perda de gelo em toda a história da região.

Temperatura global em alta

O relatório também aponta um aumento expressivo das temperaturas. Fevereiro de 2025 registrou temperatura média global do ar na superfície de 13,36ºC, uma elevação de 0,63ºC em relação à média para o mês, calculada com base no período de 1991 a 2020. Foi o terceiro fevereiro mais quente desde o início das medições.

Comparado ao período pré-industrial (1850-1900), a temperatura ficou 1,59ºC acima da média. Esse dado reforça uma tendência preocupante: nos últimos 20 meses, em 19 deles a temperatura global superou em 1,5ºC os níveis pré-industriais. Para os cientistas, esse patamar representa um limiar crítico estabelecido pelo Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Segundo Samantha Burgess, especialista em clima do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), "uma das consequências de um mundo mais quente é o derretimento do gelo marinho, e os sucessivos recordes negativos nos polos impulsionaram a cobertura global de gelo para um patamar historicamente baixo".

Oceano mais quente e secas prolongadas

Além do aumento nas temperaturas do ar, os oceanos também registraram aquecimento significativo. Em fevereiro, a temperatura média da superfície do mar foi de 20,88ºC, ficando apenas 0,18ºC abaixo do recorde estabelecido no mesmo mês de 2024. Esse aquecimento dos oceanos está diretamente ligado ao derretimento acelerado do gelo polar, além de impactar os padrões climáticos globais.

A seca também se intensificou em diversas regiões do planeta. Na Europa, fevereiro foi marcado por chuvas abaixo da média, especialmente na Europa Central e Oriental, assim como no sudeste da Espanha e na Turquia. Situações semelhantes foram registradas em grandes áreas da América do Norte, no centro e sudoeste da Ásia, na China oriental, na Austrália e na América do Sul. Na Argentina, por exemplo, a seca severa contribuiu para a ocorrência de incêndios florestais.

Impactos e desafios futuros

A diminuição da cobertura de gelo polar e o aumento das temperaturas são reflexos diretos das mudanças climáticas e representam um desafio global. O derretimento acelerado do gelo marinho tem implicações ambientais severas, como a elevação do nível dos oceanos, alterações nos ecossistemas marinhos e impactos nos padrões climáticos globais, incluindo eventos extremos como tempestades, enchentes e secas prolongadas.

Diante desse cenário, especialistas alertam para a necessidade de reforçar medidas urgentes de mitigação e adaptação climática, com a redução das emissões de gases de efeito estufa e o cumprimento dos compromissos internacionais de combate ao aquecimento global. Caso contrário, a tendência é de que os impactos climáticos se tornem ainda mais severos nos próximos anos.

 

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