O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um momento de queda na aprovação popular, conforme revela a mais recente pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (25 de fevereiro). Os dados mostram que a avaliação negativa da gestão superou a positiva, refletindo um cenário de maior insatisfação entre os brasileiros.
Segundo o levantamento encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) ao instituto MDA, 44% dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo, um aumento significativo em relação aos 31% registrados na pesquisa de novembro do ano passado. Em contrapartida, a avaliação positiva caiu de 35% para 29% no mesmo período, enquanto aqueles que consideram o governo regular somam agora 26% (antes, eram 32%).
O desempenho pessoal de Lula também sofreu um revés: a desaprovação ao presidente subiu de 46% para 55%, enquanto a aprovação caiu de 50% para 40%.
Inflação e alta dos preços
De acordo com Bruno Batista, diretor-executivo da CNT, a principal razão para o aumento da insatisfação popular é a pressão econômica. "A questão inflacionária, a elevação dos preços, tem motivado muito a população em termos de avaliação do governo", explicou.
A pesquisa revelou que 68,9% dos brasileiros percebem o aumento dos preços de forma acentuada, acima dos índices de inflação. Apenas 12,3% acreditam que a alta ocorre de maneira lenta e 14,9% consideram o aumento natural dentro dos indicadores econômicos.
Quando questionados sobre quem seria o principal responsável pela inflação, 41% dos entrevistados apontaram diretamente para Lula e o governo federal. Outros fatores mencionados incluem questões climáticas (11,2%), políticas externas (9,5%), produtores (8,6%), comerciantes (5,3%) e governos estaduais e municipais, com 3,7% e 1,7%, respectivamente.
Gestão da economia
A administração da economia foi citada como a área de pior desempenho do governo por 31,8% dos entrevistados. Além disso, a percepção negativa sobre as decisões presidenciais aumentou: 39% consideram que a maioria das decisões de Lula são ruins, contra 28% em novembro. Já os que avaliam suas medidas como boas caíram de 26% para 21%.
Lula X Bolsonaro
Outro dado relevante apontado pela pesquisa é a inversão na comparação entre os governos de Lula e de seu antecessor, Jair Bolsonaro. O percentual de brasileiros que acreditam que a gestão atual é pior que a anterior subiu de 36% em novembro para 45% agora. Enquanto isso, aqueles que consideram o governo Lula melhor caíram de 41% para 36%.
Os dados reforçam a tendência apontada por outras pesquisas recentes, como o último levantamento do Datafolha, que também indicou os piores índices de avaliação para o governo Lula.
Disputa para 2026
Em um cenário de eleição presidencial para 2026, a pesquisa CNT/MDA indicou que Lula e Bolsonaro estariam tecnicamente empatados no primeiro turno, ambos com 30% das intenções de voto. No levantamento de novembro, o petista aparecia com 35% e Bolsonaro, com 32%.
Outros nomes também foram mencionados na disputa: o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) subiu de 6% para 10%, enquanto o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) teve uma leve queda, de 8% para 7%. Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aparecem com 4% e 3%, respectivamente.
Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o ex-presidente lideraria com 43,4% contra 41,6% do atual mandatário, uma diferença dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
O levantamento também revelou que 64,8% dos entrevistados não acreditam que Lula mereça mais quatro anos de governo, enquanto 31,7% afirmaram que ele deveria ter um novo mandato.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa CNT/MDA foi realizada entre os dias 19 e 23 de fevereiro, com 2.002 entrevistas presenciais em diversas regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.