A Assembleia Geral da Copagril, realizada na sexta-feira, 31 de janeiro, na AACC, em Marechal Cândido Rondon, contou com a presença do presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken. Em sua fala, ele abordou os desafios do setor, destacando a importância da internacionalização da produção e os avanços na sustentabilidade.
Ricken iniciou sua participação saudando a liderança da Copagril pelo empenho na reestruturação da cooperativa e destacou o compromisso do cooperativismo com o desenvolvimento do Paraná. Segundo ele, o setor enfrentou um ano desafiador devido às perdas de safra, estimadas em R$ 8 bilhões, além da escassez de crédito e problemas no sistema de seguros. Apesar dessas adversidades, a expectativa é de bons resultados para as cooperativas que atuam no mercado internacional, especialmente no setor de proteína animal.
O presidente da Ocepar enfatizou a importância de conquistar novos mercados, como Japão, Coreia, México e Chile, agora que o Brasil alcançou o status de país livre de febre aftosa sem vacinação. Contudo, ele ressaltou que não há espaço livre no comércio internacional:
"Temos que tomar espaço de alguém, temos que ser mais competitivos que os que estão hoje no mercado".
Essa competitividade exige ações conjuntas entre o setor produtivo e o governo, especialmente através do Ministério da Agricultura.
O reconhecimento do cooperativismo no mundo também foi um dos pontos levantados. Ricken destacou que 2025 será o Ano Internacional do Cooperativismo, conforme definição da ONU. Para ele, isso evidencia a força do setor e a necessidade de avanços:
"No Brasil, temos um cooperativismo consolidado e forte, com desafios evidentes. No Paraná, especialmente, temos um modelo viável e responsável por 64% da produção de grãos do estado e praticamente metade da proteína animal".
O impacto econômico das cooperativas é expressivo, gerando riquezas que permanecem na região e beneficiam produtores e comunidades locais.
Outro tema abordado foi a sustentabilidade e a comercialização de créditos de carbono, possibilitada pela recente legislação brasileira. O presidente da Ocepar reforçou que os produtores brasileiros já adotaram medidas ambientais rigorosas, como a reserva legal e a recomposição de matas ciliares, e que precisam ser recompensados por essas iniciativas.
"Nossa atividade, que muitos consideram poluidora, é responsável pela melhoria da qualidade do ar. Mas, para isso, precisamos comprovar o que fizemos, e essa comprovação se dá por certificação".
Ele mencionou que o Paraná ainda precisa avançar no reconhecimento dessas boas práticas e que o governo estadual pode desempenhar um papel fundamental nessa regulamentação.
A reforma tributária também foi apontada como um tema de preocupação, especialmente no que diz respeito à regulamentação do ato cooperativo.
"O Congresso aprovou a reforma, mas quem vai regulamentá-la é a Receita Federal. Precisamos garantir que isso não inviabilize nossas operações e atividades".
Ricken também ressaltou o potencial dos bioinsumos como alternativa sustentável para a produção agropecuária e destacou a necessidade de investimentos na área.
Encerrando sua fala, o presidente da Ocepar expressou confiança na Copagril e destacou a importância de focar em negócios estratégicos e rentáveis:
"A Copagril está se recuperando e, em breve, estará investindo ainda mais. O foco deve ser nos negócios que o cooperado deseja e nos que trazem resultados. Parcerias também são uma opção viável".
Com uma visão otimista, Ricken reforçou que, apesar dos desafios, o cooperativismo segue como um modelo sólido e essencial para o desenvolvimento do setor agropecuário no Brasil.