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Brasileiros intensificam migração de investimentos para os EUA em meio a cenário de incertezas fiscais

Investidores buscam refúgio no mercado americano, com destaque para títulos conservadores e renda fixa de curto prazo

Por: João Livi
26/12/2024 às 09h23
Brasileiros intensificam migração de investimentos para os EUA em meio a cenário de incertezas fiscais

A economia brasileira enfrenta uma nova onda de saída de capitais, impulsionada pela valorização do dólar e preocupações com a sustentabilidade fiscal do país. Dados recentes revelam que os investidores brasileiros estão redirecionando seus recursos para os Estados Unidos, em busca de maior segurança financeira. Esse movimento ganhou força em 2024, e especialistas indicam que a tendência pode se consolidar nos próximos anos.

Na corretora americana Avenue, que conta com o Itaú Unibanco como sócio, o volume de transferências de recursos do Brasil para o exterior aumentou cerca de 20% em dezembro de 2024, comparado ao mês anterior. Segundo Roberto Lee, CEO da Avenue, “houve um movimento em massa de recursos para fora quando a percepção de risco Brasil ficou mais evidente para o investidor brasileiro”.

Esse fenômeno reflete uma mudança no perfil dos investidores que optam por mercados externos, com um aumento da participação de perfis mais conservadores. Esses investidores seguem o chamado flight to quality — um deslocamento em direção a ativos mais seguros em momentos de instabilidade. Mais de 80% dos recursos enviados aos EUA foram aplicados em títulos conservadores, como Treasuries e dívida corporativa americana, que têm oferecido retornos atraentes em um cenário global de juros elevados.

Quando o dólar sobe, esse público conservador é o contrário. Ele se move só nos momentos de insegurança. Então, à medida que sente mais risco, ele se move”. — Roberto Lee, CEO da Avenue.

Fatores que impulsionam a fuga de capital

O ambiente econômico doméstico desempenha um papel central nesse movimento. A percepção de que o pacote fiscal do governo brasileiro é insuficiente para conter o crescimento da dívida pública tem gerado incertezas. Isso, combinado com juros básicos elevados, deveria atrair investimentos internos, mas a aversão ao risco empurra investidores para mercados mais estáveis.

Dados do Banco Central mostram que, até novembro de 2024, os investimentos de brasileiros em ativos no exterior ultrapassaram US$ 10,6 bilhões, mais que o dobro dos US$ 4,5 bilhões registrados em todo o ano de 2023. O recorde histórico, registrado em 2011, foi de US$ 15,4 bilhões, sinalizando que 2024 pode se aproximar desses números.

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Impactos da política americana e perspectivas futuras

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA também contribuiu para o fortalecimento do dólar e aumentou a atratividade do mercado americano para investidores brasileiros. A perspectiva de que o Federal Reserve reduzirá os juros de maneira mais contida em 2025 reforça esse fluxo de capital.

Roberto Lee projeta que, se o ritmo atual for mantido, os ativos sob custódia da Avenue podem triplicar até 2025. “Mais do que dobramos a custódia de ativos nos Estados Unidos, bastante impulsionada pelo Itaú, mas muito concentrada no último trimestre deste ano”, afirma.

O movimento de saída de capitais brasileiros para os Estados Unidos reflete um contexto de incertezas fiscais e busca por segurança. A diversificação de investimentos se mostra essencial para enfrentar as adversidades do cenário econômico doméstico. Enquanto isso, corretoras como a Avenue lideram essa transição, criando novas oportunidades e perspectivas para investidores brasileiros.

 

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