A educação no Brasil enfrenta desafios significativos, com um alerta vindo diretamente das famílias. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Instituto Datafolha e encomendada pela Fundação Itaú e Todos Pela Educação, uma em cada três famílias acredita que os filhos não estão aprendendo o esperado para a idade.
A pesquisa ouviu 4.969 pais e responsáveis de crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos matriculados em escolas públicas municipais. Os resultados apontam tanto para a preocupação com o abandono escolar quanto para o desempenho acadêmico.
Abandono escolar:
51% dos responsáveis acreditam que muitos estudantes estão deixando a escola. Esse índice sobe para 57% entre os anos finais do ensino fundamental. As famílias de menor renda demonstram maior preocupação, com 53% mencionando o abandono escolar como uma realidade.
Defasagem na aprendizagem:
Entre os estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 36% dos responsáveis dizem que os filhos não aprendem o esperado. Nos anos finais (6º ao 9º ano), o índice sobe para 41%.
A insatisfação com os resultados atuais levou a demandas claras por mudanças:
“Esse ponto de melhoria do ensino da matemática é algo perceptível para os pais que acompanham as dificuldades dos filhos em casa”, destacou Natália Fregonesi, coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Atividades extracurriculares: Mais de 80% dos entrevistados apoiam a inclusão de atividades artísticas, esportivas e culturais, além de discussões sobre diversidade étnico-racial.
Escolas de tempo integral:
A expansão do ensino em tempo integral foi apontada como prioridade por 30% das famílias. A iniciativa do governo federal lançada em 2023 prevê a criação de 3,2 milhões de matrículas até 2026, oferecendo jornadas de até 35 horas semanais.
Outros fatores destacados incluem:
Infraestrutura escolar:
Famílias das regiões Norte (23%) e Nordeste (26%) enfatizam a necessidade de melhorias físicas nas escolas.
Condições e qualificação docente:
A pesquisa também mostrou que 70% dos responsáveis acreditam que os filhos se sentem acolhidos pelos professores. Para 86%, garantir formação contínua e condições dignas de trabalho para os docentes é fundamental.
“Os professores são os profissionais mais importantes para garantir a aprendizagem. É crucial investir na formação e valorização desses profissionais”, reforçou Fregonesi.
A pesquisa deixa um recado claro: é urgente priorizar a educação como política pública. As famílias clamam por melhorias, desde o fortalecimento do ensino básico até investimentos estruturais e humanos.
Em um cenário em que o abandono e a defasagem educacional preocupam, a união de esforços entre sociedade civil, governos e escolas será indispensável para transformar a realidade do ensino no Brasil.