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Aumento do dólar pode estimular a inflação

A desvalorização cambial está acelerando os preços ao consumidor

Por: João Livi
22/12/2024 às 08h39
Aumento do dólar pode estimular a inflação

O dólar acima de R$ 6 não é apenas um número; é um reflexo de uma série de desequilíbrios econômicos que estão moldando os preços no Brasil. Mesmo que a maioria dos brasileiros não tenha a moeda dólar no bolso, esse cenário afeta diretamente o bolso dos consumidores, com a desvalorização da moeda nacional influenciando cada vez mais os preços finais dos produtos e serviços. Mas o que está por trás desse fenômeno?

Entendendo o "Pass Through" 

Primeiramente é preciso entender o termo pass through. Ele refere-se ao grau de impacto que a variação cambial tem sobre os preços ao consumidor. No Brasil, o contexto atual de economia superaquecida e expectativas inflacionárias elevadas está amplificando esse repasse.

De acordo com João Fernandes, economista da Quantitas, “a economia brasileira apresenta vários desequilíbrios atualmente, com uma demanda muito superior à oferta. Isso faz com que as empresas repassem rapidamente os custos adicionais causados pela desvalorização cambial, mesmo sem saber se o dólar continuará subindo”.

Quem sofre mais?

A intensidade do pass through varia conforme o setor. Em alimentos, por exemplo, o repasse chega a 14%, enquanto nos bens industriais é de 8%. Serviços, por outro lado, sofrem um impacto menor, de apenas 2%.

Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, observa: “Em um cenário onde a economia não estivesse operando tão acima da sua capacidade, a desvalorização cambial seria absorvida mais facilmente pelas cadeias de distribuição. Hoje, isso não ocorre”.

Velocidade do repasse

Se antes o impacto do dólar era sentido ao longo de até quatro trimestres, agora ele ocorre quase que imediatamente. Segundo Andréa Ângelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, “a defasagem entre a desvalorização cambial e o aumento dos preços ao consumidor diminuiu significativamente, com alguns itens apresentando ajuste em apenas um trimestre”.

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Itens como móveis, eletroeletrônicos e produtos de higiene pessoal são especialmente sensíveis a essas mudanças rápidas, refletindo quase que instantaneamente a variação do dólar.

O que esperar da inflação?

Economistas projetam que a inflação continuará pressionada em 2025, refletindo a recente alta do dólar. O IPCA, que deve fechar 2024 em torno de 4,8%, pode alcançar 5,5% em 2025.

João Fernandes destaca: “O maior impacto será sentido em bens e alimentos, que estão diretamente atrelados ao câmbio. Já os serviços, que já operam em patamares elevados, devem manter essa trajetória”.

Como o cenário econômico afeta o consumidor?

Com um ambiente de desvalorização cambial persistente, consumidores enfrentam preços mais altos em uma ampla gama de produtos, desde alimentos básicos até eletrodomésticos. A desaceleração da economia, somada a taxas de juros elevadas, cria desafios adicionais tanto para empresas quanto para indivíduos.

Monitorando o Dólar e a economia

O dólar alto é mais do que um desafio para a economia nacional; ele é um fator que demanda atenção e planejamento por parte de consumidores e empresas. Entender os mecanismos do pass through e as dinâmicas econômicas atuais é essencial para prever impactos futuros e buscar estratégias que minimizem perdas.

A próxima vez que você visitar o supermercado ou uma loja, compare os preços com os de um mês atrás. Essa análise simples deixará claro como o dólar elevado está influenciando diretamente a sua rotina e o custo de vida.

 

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