Pela primeira vez na história, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) ultrapassou a marca de R$ 9 trilhões, segundo relatório divulgado pelo Banco Central nesta sexta-feira (29). Este valor, que abrange as contas do governo federal, INSS e administrações estaduais e municipais, corresponde a 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
A análise aponta que o endividamento público cresceu R$ 1,8 trilhão desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com R$ 952,6 bilhões desse montante acumulados apenas em 2024. O aumento, que representa 0,4 ponto percentual (p.p.) do PIB em relação ao mês anterior, é explicado principalmente pela incorporação de juros nominais (+0,7 p.p.), efeito da desvalorização cambial (+0,3 p.p.), resgates líquidos de dívida (-0,1 p.p.) e variação do PIB nominal (-0,5 p.p.).
No acumulado de 2024, a elevação de 4,2 p.p. na relação dívida/PIB se deve a diversos fatores:
Desde 2006, quando o levantamento foi iniciado, o endividamento público tem seguido uma trajetória de alta, mas os números recentes revelam um agravamento significativo. A desvalorização cambial e o elevado patamar dos juros têm exercido uma pressão considerável.
O governo enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de financiamento com o impacto dessa dívida sobre a economia. A marca de R$ 9 trilhões acende um alerta para o espaço fiscal disponível e reforça a importância de estratégias sustentáveis de gestão financeira.
Com a perspectiva de continuidade na alta da dívida e a manutenção de juros elevados, o cenário demanda atenção redobrada. Políticas de estímulo ao crescimento econômico e controle de gastos são vistas como essenciais para reverter o atual quadro.
A dívida pública brasileira reflete não apenas a conjuntura doméstica, mas também os efeitos das incertezas globais, incluindo instabilidades no câmbio e oscilações nos mercados financeiros internacionais.