Outubro, mês das missões, é sempre um tempo especial para a Igreja no Brasil e no mundo. Este ano, ainda inspirados pela proposta do Papa Francisco e pela ação das Pontifícias Obras Missionárias, somos convidados a renovar a alegria da missão, a reavivar a chama do Evangelho em nossas comunidades e a viver a dimensão universal da fé que nos faz irmãos e irmãs, independentemente das fronteiras.
Neste ano, em sintonia com o ano jubilar, o tema que ilumina a Campanha Missionária é “Missionários da esperança entre os povos” e o lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). A esperança, tão necessária em tempos de crise, conflitos e desigualdades, não é apenas uma ideia abstrata, mas uma força concreta que brota do coração de Cristo Ressuscitado e se torna compromisso no coração de todos os batizados. Ser missionário da esperança é acreditar que o bem pode transformar a realidade, é apostar na vida que nasce todos os dias, é lutar para que cada pessoa tenha dignidade e possa experimentar o amor de Deus.
A missão é parte essencial da identidade cristã. Não somos discípulos de Jesus para nós mesmos, mas para o mundo. A Igreja existe para evangelizar, para ser fermento de fraternidade, diálogo e solidariedade. Por isso, em cada comunidade, paróquia e diocese, o mês missionário se torna oportunidade de fortalecer a oração pelas missões, intensificar a partilha solidária e ampliar a consciência missionária de crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Roteiro de Encontros

Entre os materiais oferecidos pelas Pontifícias Obras Missionárias para a celebração do mês de outubro, destaca-se o roteiro de encontros, preparado com o objetivo de animar e fortalecer a vivência comunitária e familiar. São quatro encontros vivenciais feitos a partir da Leitura Orante da Bíblia, acrescentados de roteiro celebrativo: Terço Missionário da Esperança e Adoração ao Santíssimo Sacramento.
Mais do que simples subsídios, eles são itinerários de fé que ajudam a refletir a Palavra de Deus, a rezar em comunhão com toda a Igreja e a cultivar uma espiritualidade missionária. Reunindo famílias, grupos e comunidades, os roteiros despertam a consciência de que a missão não se limita ao espaço local, mas se abre à universalidade, em sintonia com os desafios e esperanças da humanidade.

Coleta missionária

A vivência do mês missionário, encontra também um ponto alto e profundamente concreto na coleta missionária, realizada em todas as comunidades no Dia Mundial das Missões, celebrado no penúltimo domingo de outubro. Essa coleta é um gesto simples, mas carregado de sentido eclesial: cada cristão, ao oferecer a sua contribuição, torna-se participante direto da missão universal da Igreja, expressando de maneira concreta a comunhão que nos une como irmãos e irmãs em Cristo.
O valor arrecadado compõe um fundo universal de caridade, administrado pelo Dicastério para a Evangelização em Roma, que garante apoio a dioceses, seminários, casas de formação, projetos de evangelização e obras sociais em países mais pobres, onde a Igreja enfrenta enormes desafios para se manter viva. Muitas comunidades só conseguem sustentar a vida pastoral e missionária graças a essa solidariedade que ultrapassa fronteiras. Assim, a coleta missionária recorda que ninguém é tão pobre que não possa partilhar, nem tão rico que não precise da partilha dos outros: todos somos corresponsáveis pela missão de anunciar a esperança do Evangelho até os confins da terra.

Um chamado urgente

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“Missionários da esperança entre os povos” não é apenas um lema, mas um verdadeiro chamado urgente que interpela cada batizado. Num mundo ferido por guerras, migrações forçadas, pobreza crescente, desigualdades sociais e a indiferença que tantas vezes fecha os corações, o testemunho de fé e esperança da Igreja se torna um bálsamo capaz de curar feridas e reacender sonhos. É pela esperança que comunidades se mantêm firmes, que os pobres resistem, que os jovens encontram forças para sonhar e que a Igreja permanece fiel ao Evangelho de Cristo.
Por isso, a Campanha Missionária é mais do que uma programação anual: é um convite vivo para cada cristão acolher a esperança que vem do Cristo Ressuscitado e anunciá-la com coragem, ousadia e ternura. Somos chamados a ser comunidades que respiram fraternidade, que partilham a vida e que irradiam alegria em meio às dificuldades. Unidos na oração, na solidariedade e no compromisso concreto, podemos continuar a escrever, com gestos simples e cotidianos, a história de uma Igreja em saída, que caminha de mãos dadas com os povos, servindo como testemunha incansável de esperança no coração do mundo.

Pe. Vagner Alves
Secretário Nacional da IAM
Pontifícias Obras Missionárias do Brasil