REPORTAGEM EM VÍDEO
O celular virou tabu dentro das escolas brasileiras em 2025. A Lei nº 15.100/2025, aprovada pelo governo federal, determinou que os aparelhos sejam afastados dos alunos durante o período escolar, exceto em atividades pedagógicas autorizadas por professores. Em Marechal Cândido Rondon, o Colégio Evangélico Martin Luther já tinha saído na frente: desde 2024 testava a medida no ensino fundamental, e neste ano estendeu a restrição a todas as turmas.
O impacto foi imediato. Onde antes predominava o silêncio dos corredores ocupados por jovens de cabeça baixa nas telas, agora há movimento e barulho de convivência. Os alunos correm, brincam, conversam e interagem. Nos intervalos, o colégio passou a disponibilizar bolas, mesas de jogos e atividades lúdicas que resgataram práticas coletivas.
“Eles voltam para a sala suados, de tanto jogar bola ou participar das brincadeiras”, relatou a coordenadora pedagógica Adriana da Cunha.
Durante a pandemia, a tecnologia foi essencial, mas deixou marcas. Muitos jovens se isolaram e passaram a se relacionar quase exclusivamente pelo celular. Com a restrição, o colégio percebeu uma virada no processo de socialização: estudantes voltaram a se reunir em grupos, a conversar pessoalmente e a construir laços fora das telas.
Apesar da proibição geral, o celular não foi banido de vez. Ele permanece como ferramenta pedagógica controlada, usado em sala de aula apenas com autorização do professor e para atividades definidas. Para quem não possui aparelho, a escola fornece tablets e notebooks, garantindo o acesso às práticas tecnológicas, mas de forma supervisionada.
Com mais de 900 alunos, a convivência intensa gera disputas e desentendimentos, principalmente em jogos coletivos. Mas, segundo a coordenação, até esses momentos se transformam em aprendizado: a escola usa os conflitos para trabalhar liderança, respeito e amizade.
Ainda que seja cedo para mensurar os efeitos em números absolutos, a percepção da equipe pedagógica é clara: alunos mais focados em sala de aula, maior comprometimento e melhoria no desempenho acadêmico.
“O celular é indispensável na sociedade atual, mas seu uso racional dentro da escola cria um ambiente mais saudável para aprender e conviver”, concluiu Adriana.