O milho voltou ao centro do debate no agronegócio paranaense. Entre os dias 9 e 11 de setembro, Londrina sediou o 18º Seminário Nacional de Milho Safrinha, onde pesquisadores e extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) apresentaram diagnósticos e estratégias para ampliar a produção de forma sustentável.
Com cerca de 3 milhões de hectares cultivados e 20 milhões de toneladas colhidas na última safra, o milho responde por mais de 40% do valor econômico do agronegócio estadual. Mesmo assim, em determinados períodos, o Paraná precisa importar grãos do Paraguai para suprir a demanda interna. O cereal é consumido integralmente dentro do Estado, principalmente nas cadeias de aves, suínos, leite, ovos férteis e piscicultura.
Entre os mais de 300 mil estabelecimentos agropecuários do Paraná, 95 mil trabalham com grãos, sendo 73% conduzidos por agricultores familiares. Essa presença reforça o papel social do milho na base produtiva de milhares de pequenas propriedades.
A demanda não é apenas da pecuária. O cereal vem sendo incorporado à produção de etanol e deve ganhar ainda mais importância com a futura planta de combustível sustentável para aviação (SAF), prevista para 2028, que trará investimento de R$ 2,3 bilhões ao Estado. Esse movimento reforça a urgência de ampliar a oferta.
As mudanças climáticas adicionam risco à equação. Pesquisadores alertam para estiagens mais frequentes, veranicos e chuvas concentradas em menos dias, que elevam a erosão e dificultam o manejo da água no solo. Além disso, pragas como a cigarrinha-do-milho e invasoras como buva e capim-amargoso pressionam a produtividade.
Práticas como o terraceamento e a rotação de culturas são apontadas como essenciais para conter perdas de solo e água em eventos extremos. Sem terraços, estima-se que até 40% da água da chuva pode ser perdida por escoamento superficial.
Para enfrentar gargalos como o complexo do enfezamento, o Estado aposta nos NAPIs (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação), que unem universidades, centros de pesquisa e empresas privadas. O objetivo é desenvolver soluções estratégicas e gerar impactos econômicos e sociais de longo prazo.
O seminário foi promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), com organização do IDR-Paraná, Crea-PR e Associação dos Engenheiros-Agrônomos de Londrina, além do apoio da Fundação Araucária e empresas patrocinadoras.