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Déficit de armazenagem compromete até 50% da produção de grãos em três estados-chave do agronegócio

Mato Grosso, Paraná e Goiás enfrentam gargalo estrutural que eleva custos logísticos e ameaça sustentabilidade do setor

Por: João Livi
23/08/2025 às 09h48
Déficit de armazenagem compromete até 50% da produção de grãos em três estados-chave do agronegócio
Déficit estrutural de armazenagem pressiona safra recorde: estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás enfrentam gargalo que afeta custos e competitividade do agro.

A falta de infraestrutura para armazenagem de grãos segue como um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro. Nos principais estados produtores - Mato Grosso, Paraná e Goiás - a capacidade estática de estocagem não acompanha o volume das safras, limitando a eficiência da cadeia produtiva e pressionando a rentabilidade dos agricultores.

De acordo com dados da Conab e da Abramilho, o Brasil deve colher 329,8 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/25, mas dispõe de apenas 199,4 milhões de toneladas de capacidade estática, o que gera um déficit próximo a 50%.

No Mato Grosso, maior produtor do país, a situação é ainda mais preocupante. A previsão é de 107,6 milhões de toneladas, mas a capacidade de armazenagem cobre somente metade desse volume. No Paraná, a estimativa é de 45 milhões de toneladas produzidas contra 32 milhões de capacidade estática, déficit de 32,8%. Já em Goiás, a produção esperada é de 35,4 milhões de toneladas, mas os armazéns comportam apenas 17,5 milhões.

Impactos na logística e nos custos

Segundo Luiz Almeida, diretor de operações da EEmovel Agro, a limitação da capacidade de estocagem encarece a operação agrícola e compromete a eficiência do ciclo produtivo.
“Essa defasagem histórica traz riscos para a sustentabilidade econômica do setor e para a segurança alimentar do país. É urgente que o agronegócio, o poder público e o mercado tecnológico se unam para desenvolver políticas e soluções que atendam essa demanda estrutural”, alerta o executivo.

Desafio estratégico

Além de elevar custos de transporte, o déficit de armazenagem força o escoamento imediato das colheitas, muitas vezes em períodos de preços desfavoráveis, reduzindo a margem de lucro dos produtores. O gargalo também impacta diretamente a logística nacional, com reflexos no sistema rodoviário e portuário.

Enquanto o Brasil se consolida como potência mundial na produção de alimentos, especialistas reforçam que ampliar e modernizar a capacidade de armazenagem é condição essencial para garantir competitividade, eficiência e sustentabilidade ao agronegócio brasileiro.

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