A recente confirmação de casos de influenza aviária no Brasil, tanto em aves silvestres quanto em granjas comerciais, acendeu o sinal de alerta em todo o setor agropecuário. A doença, considerada uma das mais graves ameaças à avicultura mundial, requer vigilância constante e ações rigorosas de biosseguridade para proteger a produção e manter a integridade sanitária do rebanho nacional.
Com a proximidade das aves migratórias — principais vetores do vírus — às regiões produtoras, o risco de contaminação direta aumenta, exigindo atenção redobrada. “Os subtipos H5 e H7, em sua forma de alta patogenicidade (HPAI), são os mais temidos pela capacidade de causar surtos de alta mortalidade”, afirma Glaci Kasper Ertel, médica-veterinária da Primato Cooperativa Agroindustrial.
Transmissão silenciosa e rápida
Segundo Glaci, a transmissão do vírus ocorre principalmente pelo contato direto com aves infectadas, como patos e gansos silvestres. O perigo está no fato de muitas dessas aves não apresentarem sintomas. “Além disso, o vírus pode ser transportado por roupas, calçados, veículos, equipamentos e até por partículas levadas pelo vento ou pela água”, alerta.
A médica-veterinária reforça que a atenção deve ser ainda maior nas propriedades que atuam simultaneamente com suinocultura. “Os suínos podem se tornar reservatórios do vírus mesmo sem sintomas, por isso é fundamental não compartilhar materiais ou mão de obra entre as atividades”, recomenda.
Medidas rigorosas de biosseguridade são a linha de defesa
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) intensificou as ações de vigilância e reforçou os protocolos sanitários. Entre as medidas recomendadas estão o controle de acesso às granjas, desinfecção de veículos e equipamentos, uso exclusivo de roupas e calçados nas áreas de produção, telas anti-pássaros, isolamento de reservatórios de água e cuidados com silos de ração.
A Primato, por exemplo, mantém treinamentos constantes com seus cooperados e colaboradores para assegurar a correta aplicação das práticas de biosseguridade. “São os cuidados do dia a dia, como barreiras sanitárias e uso adequado de EPIs, que mantêm o plantel protegido”, afirma Glaci.
Diagnóstico precoce e resposta imediata são cruciais
Identificar rapidamente os sintomas da gripe aviária é essencial para evitar a propagação do vírus. Apatia, dificuldade respiratória e morte súbita são sinais que devem ser notificados imediatamente ao serviço veterinário oficial. “Seguimos todos os protocolos do MAPA e agimos de forma rápida com isolamento ou medidas indicadas, sempre com foco no controle do foco e na proteção dos demais plantéis”, reforça a veterinária.
Segurança no consumo permanece garantida
Apesar da situação preocupante no campo, autoridades garantem que não há risco para os consumidores. Carne de frango e ovos continuam seguros para o consumo humano, desde que sejam devidamente inspecionados e cozidos. “O Brasil mantém um dos mais altos padrões sanitários do mundo na avicultura”, assegura o MAPA.
Um esforço coletivo
Glaci Ertel destaca que o combate à gripe aviária é um desafio que exige envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva. “Não se trata apenas de uma responsabilidade do produtor. É um esforço conjunto que inclui cooperativas, órgãos de fiscalização, profissionais da área e a sociedade. Com disciplina e cooperação, conseguimos preservar nosso patrimônio sanitário e proteger o futuro da avicultura brasileira”, conclui.