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Paranaense vence hackathon com projeto que usa inteligência artificial para diagnosticar doenças infecciosas

Solução criada por estudantes da UEM e da UFMS automatiza análises de sangue e promete reduzir tempo e custo no diagnóstico de doenças como malária e Chagas

Por: João Livi
09/06/2025 às 09h52
Paranaense vence hackathon com projeto que usa inteligência artificial para diagnosticar doenças infecciosas
Nuno Abilio, da UEM (aqui com o professor Yandre Costa), é um dos vencedores do Hackathon pela Saúde com projeto que automatiza diagnósticos usando inteligência artificial. (Foto: UEM)

Uma inovação com potencial de transformar o diagnóstico de doenças infecciosas no Brasil surgiu das mãos de dois estudantes universitários. Nuno Miguel Mendonça Abilio, aluno do 3º ano de Ciência da Computação da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e João Vitor Ribeiro Lima, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/Nova Andradina), foram premiados na 1ª edição do Hackathon pela Saúde, promovido pela multinacional Becton Dickinson (BD) em parceria com a organização Enactus Brasil.

O projeto, batizado de Tecnoblade, utiliza inteligência artificial e processamento de imagens para acelerar e automatizar o diagnóstico de doenças infecciosas a partir de amostras de sangue, como nos casos de malária e doença de Chagas. A proposta venceu a liga voltada à prevenção e controle de doenças em comunidades vulneráveis, competindo com outras 11 equipes de todo o país.

A tecnologia empregada no projeto integra ferramentas como a plataforma RoboFlow e o modelo de IA YOLO, permitindo identificar a presença de patógenos em imagens microscópicas de forma rápida e precisa.

O processamento de imagens pode ser aplicado a qualquer coisa que você consiga enxergar. Em vez de o médico analisar manualmente, a inteligência artificial pode automatizar o processo e entregar o diagnóstico em minutos”, explica Abilio, que levou para o hackathon parte de sua pesquisa desenvolvida no PIBIC/CNPq, sob orientação do professor Yandre Costa, do Departamento de Informática da UEM.

Redução de tempo e custo no sistema de saúde

Além da inovação tecnológica, a solução propõe impacto direto na saúde pública. De acordo com os autores, o Tecnoblade tem capacidade para reduzir em 70% o tempo de diagnóstico e gerar economia de 40% nos custos operacionais do sistema de saúde, ampliando o acesso a exames em regiões com pouca estrutura laboratorial.

Nosso objetivo é mitigar a subnotificação dessas doenças em nível nacional. O impacto pode ser significativo especialmente em comunidades vulneráveis”, avalia o estudante da UEM.

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A proposta será apresentada oficialmente durante o Evento Nacional da Enactus Brasil (ENEB), entre os dias 22 e 25 de julho, em Belém (PA), onde os estudantes receberão o prêmio de R$ 4 mil pelo reconhecimento.

Aplicação prática da pesquisa acadêmica

O professor Yandre Costa celebra a conquista como um reflexo da integração entre ensino e inovação aplicada.

O principal destaque é que o Abilio participa de um grupo de pesquisa na universidade e conseguiu aplicar esse conhecimento com sucesso fora do ambiente acadêmico”, afirma. “É um exemplo de como a ciência pode sair do laboratório e virar solução concreta para problemas sociais.”

Abilio também destaca o apoio da mentoria da BD durante a competição, que os ajudou a aprimorar o modelo de negócios e enxergar possibilidades de parceria futura.

Vemos grande potencial na integração do Tecnoblade com o BD Synapses, plataforma da empresa. Essa conexão pode acelerar a implementação em escala”, projeta.

Empreendedorismo com impacto social

Ambos os estudantes integram projetos de extensão universitária voltados ao empreendedorismo social. Abilio participa do Enactus UEM, projeto vinculado ao Departamento de Teoria e Prática da Educação da universidade, sob coordenação da professora Leila Pessôa da Costa. A iniciativa conecta alunos da graduação e pós-graduação para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis com impacto social direto.

A edição inaugural do Hackathon teve duas ligas temáticas, com 12 equipes cada: uma voltada a doenças infecciosas e outra focada em saúde da mulher. Quatro projetos foram premiados no total, escolhidos por critérios como inovação, viabilidade técnica e compromisso com o impacto social.

 

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