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Drones na pulverização agrícola: um caminho sem volta

Dispositivos já estão sobrevoando as lavouras para realizar serviços que antes eram exclusivos de tratores pulverizadores

Por: João Livi
10/08/2024 às 11h04 Atualizada em 10/08/2024 às 04h59
Drones na pulverização agrícola: um caminho sem volta

Os drones têm se destacado como uma ferramenta transformadora na agricultura moderna, especialmente na pulverização de culturas. Já cada vez mais essencial para a agricultura, Jullian Stülp, engenheiro agrônomo e diretor da Bioplan Planejamento Agropecuário, destaca experiências e conhecimentos sobre as tecnologias embarcadas nos drones e suas aplicações revolucionárias no campo.

Drone da Bioplan em operação. Fotos: Arquivo Bioplan

 

É preciso desmistificar

Uma das principais questões abordadas por Jullian foi a necessidade de desmistificar a ideia de que as condições ambientais para a pulverização com drones são diferentes das exigidas pelos pulverizadores terrestres. “As mesmas condições de vento, umidade relativa do ar e topografia influenciam na pulverização com drones, assim como nos pulverizadores convencionais", explica. Ele enfatiza que esses fatores determinam a velocidade de operação, o tamanho das gotas, a pressão e a altura da pulverização, não havendo grandes distinções em relação às condições de aplicação.

Engenheiro agrônomo Jullian Stülp. Foto: João Livi

 

Tecnologia de precisão

Contudo, uma das maiores diferenças entre as duas tecnologias está na precisão e na vazão durante a operação. Enquanto os pulverizadores terrestres utilizam uma média de 180 litros por hectare, os drones operam com apenas 10 a 15 litros, aplicando o produto de forma concentrada em micro gotas, o que aumenta a eficiência de absorção pelas plantas. “Praticamente não vai água, é mais um produto concentrado com micro gotas, partículas até muitas vezes menores, que têm uma alta eficiência de absorção pela planta", destaca Jullian.

Antes de iniciar a pulverização, é fundamental mapear a área de operação. “Esse mapeamento não só dos vértices da área, mas também de eventuais obstáculos físicos, como postes de luz e redes de energia, garante uma maior segurança na aplicação e no deslocamento do drone", esclarece.


Pulveriza-se o necessário

A altura e a pressão das gotas, assim como a vazão utilizada, dependem do tipo de produto aplicado. “Para fungicidas, utilizamos entre 15 a 20 litros por hectare, enquanto com inseticidas trabalhamos em torno de 10 litros", diz Jullian. A condição ambiental e a velocidade dos ventos também influenciam esses parâmetros, tornando o drone uma ferramenta flexível e adaptável a diferentes situações.

 

Pode pulverizar após as chuvas

Uma vantagem significativa dos drones é a capacidade de operar em terrenos declivosos, onde pulverizadores terrestres enfrentam dificuldades. “O drone consegue pulverizar com maior rapidez e qualidade em áreas onde a topografia não afeta seu deslocamento ou a qualidade da aplicação", explica Jullian. Além disso, os drones permitem a aplicação de defensivos poucas horas após a chuva, algo impossível para os pulverizadores terrestres, que precisam esperar o solo secar.

 

Desafios

Apesar dos benefícios, Jullian aponta que a difusão do conhecimento sobre o uso de drones ainda é um desafio. Ele acredita que o drone deve ser visto como uma ferramenta complementar ao pulverizador terrestre, e não como um substituto. “Por exemplo, no milho safrinha, o produtor pode usar o pulverizador terrestre até a última entrada do trator e, quando o milho atinge a fase de pendoamento, pode fazer a pulverização com o drone para evitar danos à produtividade", sugere.


Bom também para semear

Os drones também são altamente eficazes na semeadura de pastagens e coberturas vegetais, como plantas de cobertura mix. “A aplicação de sementes pelo drone é muito rentável e facilita o manejo", comenta Jullian. Ele vê a necessidade de expandir as aplicações dos drones para áreas onde realmente são necessários, como em terrenos com limitação topográfica ou situações de alta umidade.

 

Regulamentação

Quanto à regulamentação, Jullian ressalta a importância de seguir todas as normas e obter as certificações necessárias, como o registro na ANAC e a prescrição agronômica por um profissional habilitado, garantindo a segurança da operação e do espaço aéreo.

 

É tendência

Sobre o crescimento do mercado de drones agrícolas, Jullian acredita que a tendência é que mais produtores adquiram drones para complementar seus manejos. No entanto, ele também vê grande potencial para o uso de drones em áreas urbanas e ambientais. Um exemplo é o controle de dengue realizado pela prefeitura de Chapecó, que utilizou drones para aplicar produtos biológicos em áreas urbanas.

 

Poucas limitações

Jullian aponta que a principal limitação dos drones atualmente é a duração das baterias, que ainda precisam de melhorias para prolongar o tempo de operação. Apesar disso, os prestadores de serviços conseguem manter a operação contínua ao utilizar carregadores que permitem alternar entre baterias em uso e carregamento.

 

E o custo-benefício

Quanto ao custo-benefício, Jullian explica que o cálculo deve considerar o percentual de amassamento das culturas causado pelos pulverizadores terrestres. “Enquanto pulverizadores terrestres podem causar um amassamento de 5% a 7%, os drones eliminam esse problema, tornando a pulverização mais econômica por hectare", conclui.

 

A Bioplan

A Bioplan Planejamento Agropecuário, liderada por Jullian, continua a explorar novas aplicações para drones, não apenas no setor agrícola, mas também em áreas como o georreferenciamento de imóveis, poços artesianos e licenciamento ambiental. Jullian enfatiza que os agricultores que tiverem dúvidas ou interesse em adotar essa tecnologia devem procurar profissionais qualificados, como os engenheiros agrônomos, para garantir o melhor uso possível dos drones em suas propriedades.

 

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