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Marechal Cândido Rondon, PR
A primeira safra de milho no Paraná está prestes a entrar para a história como a de maior produtividade já registrada. Segundo a Previsão Subjetiva de Safra (PSS), divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 90% da colheita já foi concluída, com uma produtividade média recorde de 10.627 quilos por hectare.
Com uma estimativa de produção de 2,8 milhões de toneladas, o volume representa um crescimento de 13% em relação ao ciclo anterior, que havia atingido 2,5 milhões de toneladas. O avanço foi alcançado mesmo com uma redução na área plantada, que caiu de 294,3 mil hectares em 2024 para 268,3 mil hectares em 2025.
De acordo com o analista do Deral, Edmar Gervásio, o mercado segue favorável ao produtor, que atualmente recebe cerca de R$ 70 por saca. “Os preços apresentam uma alta superior a 40% quando comparados ao mesmo período do ano passado. Além disso, os custos de implementação da lavoura foram menores, o que favorece a rentabilidade do agricultor”, afirmou.
Apesar do cenário positivo para a primeira safra, as projeções para a segunda colheita de milho geram preocupação. A estiagem registrada em março, aliada às temperaturas elevadas, pode comprometer o desenvolvimento das lavouras, impactando a estimativa inicial de 15,9 milhões de toneladas para essa fase da produção.
As condições climáticas adversas também refletiram na safra de soja, que teve sua projeção reduzida para 21,06 milhões de toneladas. Em fevereiro, a expectativa era de 21,18 milhões de toneladas, mas a irregularidade das chuvas no Oeste e Norte do Estado resultou em quedas de produtividade. Essas regiões concentram 43% da área plantada. Em contrapartida, o Sul surpreendeu positivamente com bons rendimentos.
Desde o início da safra, quando a projeção era de 22,23 milhões de toneladas, o Paraná já acumula uma perda de 1,17 milhão de toneladas, representando uma redução de R$ 2,3 bilhões na movimentação econômica do setor. No entanto, os preços médios de venda da soja se mantêm 13% superiores aos de março de 2024, amenizando o impacto das perdas para os produtores.
O levantamento do Deral também aponta variações no desempenho da olericultura no Paraná. A segunda safra da batata apresenta boa produtividade, enquanto a colheita da safra de cebola foi encerrada com leve retração na produção, mas ganhos de produtividade. O tomate, por sua vez, enfrenta desafios na segunda safra, com queda no rendimento e elevação nos preços.
A colheita da batata alcançou 92% da área plantada, estimando uma produção de 342,6 mil toneladas, com rendimento de 31,2 t/ha. Apesar dos bons números, o preço da batata registrou uma queda de 58,3% no atacado em relação ao ano passado, passando de R$ 120 para R$ 55 por saca de 25 quilos.
Já a safra de cebola, encerrada recentemente, contabilizou uma produção de 129,1 mil toneladas em 3,2 mil hectares, uma redução de 2% em relação ao ano anterior. Contudo, a produtividade subiu para 39,8 t/ha. O preço da cebola despencou 59,9% no comparativo anual, indo de R$ 55,63 para R$ 22,32 por saca de 20 quilos.
No caso do tomate, a primeira safra teve colheita quase finalizada, atingindo 99% da área cultivada e somando 156,8 mil toneladas. A segunda safra, no entanto, já demonstra sinais de menor produtividade, o que impactou os preços no atacado. A caixa de 20 quilos, que custava R$ 90 em fevereiro, chegou a R$ 150 na última semana, registrando uma alta de 66,7%.
As projeções do Deral para as culturas de inverno indicam um crescimento significativo na produção, que pode atingir 3,8 milhões de toneladas em 2025 – um aumento de 30% em relação ao ano passado. Esse avanço ocorre mesmo com uma redução de 15% na área plantada, que deve totalizar 1,2 milhão de hectares.
O feijão de segunda safra mantém estabilidade, com estimativa de 610,6 mil toneladas em 332 mil hectares. Já a previsão para a produção total de grãos no Paraná em 2025 é de 45 milhões de toneladas, um avanço de 19% na comparação anual.
O Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado pelo Deral nesta quinta-feira também traz informações sobre o desempenho de outras cadeias produtivas. O documento aponta expectativas de recuperação dos preços do leite, impulsionadas por menor captação industrial e crescimento das exportações.
Além disso, o Paraná registrou um recorde no abate de suínos em 2024, apesar de uma leve retração na produção de carnes devido à redução no peso médio dos animais. O estado manteve a segunda colocação nacional na produção de ovos, com 459,1 milhões de dúzias produzidas ao longo do ano.
