O Paraná está prestes a dar um passo estratégico rumo à sustentabilidade com a ampliação do uso do biometano como alternativa ao gás natural na frota rodoviária ligada ao setor agropecuário. O projeto Corredores Rodoviários Sustentáveis visa aproveitar dejetos e resíduos agroindustriais para abastecer veículos, reduzindo custos e impactos ambientais.

A iniciativa será oficializada em 12 de fevereiro durante o Show Rural, em Cascavel, com a assinatura de uma Carta Compromisso entre representantes do agronegócio, transportadoras e governo estadual. O coordenador do programa de Energias Renováveis Sustentáveis do Paraná, Herlon Goetzer de Almeida, destaca o potencial de descentralização da produção de biometano nos próximos 10 a 15 anos. “O biogás e o biometano poderão alimentar corredores rodoviários e microcorredores que ligam agroindústrias, propriedades rurais e centros de distribuição”, afirma.

Redução de custos e impacto ambiental

O biometano pode ser utilizado diretamente em veículos ou injetado nas redes de gás natural operadas pela Compagas. Além de contribuir para a redução das emissões de carbono, o uso desse combustível pode diminuir em até 40% o custo por quilômetro rodado em veículos híbridos e em até 60% quando utilizado puro.

A proposta prevê a criação de um corredor de 4.586 quilômetros abrangendo 147 municípios, com benefícios adicionais para outros 159 que estão num raio de 20 quilômetros da rota. No ano passado, a Compagas já implementou a primeira rota entre Paranaguá e Londrina, com 11 postos de abastecimento operacionais.

“Para a expansão ao Oeste, Sudoeste, Centro e Noroeste do Estado, será necessária a conversão de frotas movidas a diesel para gás e biometano, gerando demanda para novos postos e estruturas de produção local”, explica Almeida.

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Compromisso com a descarbonização

O Brasil e o Paraná assumiram o compromisso de reduzir as emissões de metano até 2030, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O biometano, por ser um combustível renovável, pode contribuir significativamente, emitindo 95% menos dióxido de carbono em relação ao diesel.

Rafael Gonzales, presidente do CIBiogás, ressalta os benefícios da iniciativa. “Além da redução de emissões, retiramos dejetos animais, resíduos agrícolas e lixo orgânico do meio ambiente, transformando-os em energia e fortalecendo a economia circular”, pontua.

A produção local de biometano também reduz a dependência de combustíveis fósseis e protege o setor agropecuário das oscilações do mercado de petróleo. Segundo Rafael Lamastra Júnior, diretor-presidente da Compagas, “o gás natural é o combustível da transição energética, e o biometano é o caminho para uma economia de baixo carbono”.