Desde tempos antigos “eternidade” é um conceito muito comentado mas pouco entendido, se é que na condição humana pode ser plenamente compreendido.
C. S. Lewis observou que as pessoas medievais entendiam Deus não como um ser perpétuo, mas eterno. Se Deus fosse perpétuo, ele progrediria e perduraria ao longo do tempo, impossibilitando qualquer tempo de presciência de eventos futuros.
Com a concepção de um Deus eterno, todos os tempos sempre estão diante dele. Ele está eternamente presente em todos os momentos.
Ele não pressupõe e depois raciocina por meio de uma série de inferências para chegar a uma conclusão – um esforço desnecessário para alguém cujo conhecimento é completo e imediato.
A estrela mais brilhante no céu (depois do sol) é Sirius da constelação do Cão Maior, muito visível nas noites de verão do hemisfério sul da Terra. Quando olhamos para a estrela, na verdade estamos vendo a luz que deixou aquela estrela há oito anos. Durante um ano a luz se propaga 9,5 trilhões de quilômetros. Difícil imaginar esta distância, ainda sendo multiplicada por oito.
Se alguém de proporções cósmicas pudesse atravessar instantaneamente a distância entre a Terra e Sirius, ele estaria presente quando a luz deixou a estrela, bem como no momento em que a luz chega a Terra. Eventos que ocorreram em qualquer lugar, em qualquer momento, seriam imediatos para ele.
O exemplo, embora fraco, mostra que uma enormidade desse tipo torna os tempos em Sirius e na Terra presentes para um ser que pudesse ignorar a distância entre os dois astros.
Se Deus é eterno e infinito, então podemos considerar que os eventos no tempo são para ele eternamente próximos – e que seu cuidado amoroso é imediato.
(Adaptado da obra “O pensamento vivo de C. S. Lewis: uma jornada espiritual pela obra do autor de As crônicas de Nárnia”)