Empreendedorismo sobre rodas: a trajetória de sucesso no transporte coletivo e turismo

A jornada como empresário no setor de transporte de pessoas começou de maneira precoce e inusitada. Filho de um motorista de ônibus, aos oito anos de idade, seu pai o incentivou a dirigir, despertando o gosto pelo volante. Inspirado pela trajetória do pai, que dedicou 30 anos à profissão, seguiu o mesmo caminho, tornando-se, aos 21 anos, motorista em empresas de transporte. Com o tempo, sua carreira evoluiu até fundar sua própria empresa, aos 30 anos, que hoje conta com 34 veículos e 40 colaboradores.

Início

Trata-se de Anderson Luis Alves, que começou sua carreira profissional aos 19 anos, sendo sócio de uma floricultura na sua cidade natal, Santa Helena. Aos 21 anos, decidiu iniciar como motorista em uma empresa da sua cidade e, posteriormente, passou a trabalhar para o Cardoso Tour. Em 2008, surgiu a oportunidade de socorrer uma empresa em Marechal Cândido Rondon, marcando o início de sua conexão com a cidade rondonense. Em 2010, a empresa em que ele trabalhava optou por fechar as portas, deixando aberta a linha que ele fazia diariamente, a de transporte dos estudantes universitários de Santa Helena para Marechal Cândido Rondon. Ele não hesitou e acabou assumindo essa linha, por cedência da família herdeira da empresa em que trabalhava.

Vindo para Marechal Cândido Rondon, novas linhas surgiram, especialmente no que tange ao transporte de universitários para Cascavel. Ao longo dos anos, ele consolidou-se no transporte universitário, atingindo um auge entre 2014 e 2015, quando chegou a transportar 200 alunos/dia para Cascavel. Paralelamente, Anderson expandiu suas atividades para o turismo, o transporte empresarial e escolar, diversificando sua atuação no mercado.

Em 2020, Anderson deu um passo ousado e comprou a empresa Sander Turismo, ampliando ainda mais seu alcance. No entanto, a aquisição ocorreu pouco antes da pandemia, o que trouxe novos desafios e dificuldades financeiras. "Ainda carregamos as consequências da pandemia, com juros prorrogados", lembra o empresário, ressaltando que todos os dias são uma batalha para manter a empresa funcionando.

Desafios e crescimento

O principal desafio enfrentado por Anderson hoje é a falta de mão de obra qualificada. Ele lembra que, no início de sua carreira, desempenhou várias funções na empresa, desde motorista e mecânico, o que lhe deu uma visão completa do negócio. "Hoje, as leis trabalhistas dificultam que os profissionais tenham esse aprendizado abrangente", observa. Além disso, o custo elevado dos veículos também representa um obstáculo. "Um ônibus top de linha custa R$ 2,5 milhões e precisa ser pago em 10 anos", explica.

Mesmo com as dificuldades, Anderson se orgulha do que construiu. Ele destaca que o reconhecimento profissional é o maior sonho para qualquer empreendedor. "O meu sonho sempre foi oferecer aos clientes um serviço de qualidade, com segurança e profissionalismo. Esse é o meu objetivo como empresário", afirma.

De funcionário a patrão

A transição de Anderson de funcionário a empresário ocorreu de maneira natural. Quando a empresa onde trabalhava fechou, ele teve a oportunidade de assumir uma linha de transporte, graças ao conhecimento acumulado ao longo dos anos. "Quando comecei minha empresa, eu já sabia fazer praticamente tudo, desde a parte mecânica até a parte burocrática", conta. Essa experiência foi fundamental para que ele pudesse gerir seu próprio negócio com sucesso.

Anderson ressalta que o sucesso não vem por sorte, mas sim por muito trabalho. "Não existe sorte, existe trabalho. É preciso se dedicar, trabalhar 12, 14, 15 horas por dia para alcançar os objetivos", afirma. Ele reconhece que o caminho do empreendedorismo não é fácil e que, ao longo da jornada, surgem inimigos e pessoas que tentam derrubar quem está crescendo. "Mas é preciso persistir e não desistir", aconselha.

Inspirações e mudança para Marechal Cândido Rondon

Anderson sempre se inspirou em amigos que também atuavam no transporte de passageiros, como um amigo de Itaipulândia, que o ajudou com dicas e experiências trocadas. No entanto, sua mudança para Marechal Cândido Rondon ocorreu por uma oportunidade de trabalho. "Apareceu a chance de atuar aqui e eu agarrei", relembra. Ele viu na cidade um local promissor, com grandes empresas e um ambiente empresarial acolhedor. "Marechal Rondon tem uma população ambiciosa, com jovens que buscam crescer. Muitos dos jovens que transportei para a faculdade hoje são engenheiros e me atendem já com seus diplomas", comenta com orgulho.

A paixão pela boleia

Apesar de ser o dono de uma frota considerável, Anderson ainda mantém viva a paixão por dirigir. "Eu viajo porque gosto. Colocar a gravata e a camisa de motorista ainda me dá prazer", confessa. Ele participa de viagens estratégicas, como as que envolvem treinamento de novos motoristas, além de pacotes turísticos, onde a empresa cuida de toda a logística.

Sucessão: o sonho de todo pai empresário

A sucessão empresarial é um tema que desperta grande interesse e preocupação entre os empresários. Para muitos, o sonho é ver seus filhos assumindo o comando dos negócios e dando continuidade ao legado familiar.

Segundo Anderson, este tema já é tratado na família. Isabella, a filha mais velha, tem 19 anos e já está envolvida nos negócios da família há um ano. “Atualmente, ela cursa faculdade de marketing, o que a prepara ainda mais para os desafios futuros. O caminho mais óbvio é ela herdar a empresa. Esse é o sonho de todo pai empresário", comenta. Além dela, Anderson e a esposa também têm um filho mais novo, Kauã, de 12 anos, que espera introduzir nos negócios no momento certo, respeitando sempre a vontade do garoto.

A Importância da família

A ideia de Anderson é que, no futuro, seus dois filhos possam assumir a liderança da empresa. Ele se orgulha também de poder contribuir com seu irmão mais novo, que há 14 anos trabalha com ele, tendo iniciado ainda quando tinha 14 anos de idade. “A ideia é que, no futuro, os três possam tomar a frente e dar continuidade, para que possamos chegar à aposentadoria e descansar”, explica.

O caminho para o empreendedorismo

Mas o que é necessário para começar a empreender? Anderson acredita que o principal ingrediente é a coragem. "Para começar a empreender, a primeira coisa que você tem que ter é coragem, não ter medo. Coragem é o principal ingrediente", afirma. Além disso, ele destaca a importância de entender o negócio e ter iniciativa. "Saber daquilo que você vai fazer, entender daquilo que você vai ter, aquela iniciativa também é muito importante”, afirma.

Ambição e sonhos grandes

Para o empresário, além da coragem e do conhecimento, é essencial na vida dos negócios ser ambicioso. "Tem que ter ambição, tem que sonhar grande. A ambição é diferente da ganância. A ambição de você querer ter um negócio melhor, de oferecer um produto bom para o seu cliente, não é errado", explica. Ele acredita que esses são os temperos principais para o progresso no mundo dos negócios.

O futuro

Sobre o futuro, Anderson prefere manter os pés no chão. "O futuro, Deus dará. Nosso plano é qualificar a frota e manter um bom atendimento. Não penso em expandir para outras cidades, mas sim em melhorar o que já temos", revela. Para ele, a qualidade do serviço é mais importante do que a quantidade de veículos.

Mensagem aos jovens

Por fim, Anderson deixa uma mensagem aos jovens: "Trabalhem muito. O sucesso vem com dedicação e persistência. Todos os dias há desafios, mas é preciso superá-los. O caminho do empreendedorismo não é fácil, mas com esforço é possível conquistar grandes coisas”, conclui.

Com 14 anos de experiência como empresário e muitos planos pela frente, Anderson Luis Alves é um exemplo de como determinação, trabalho duro e paixão pelo que se faz podem levar ao sucesso.