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Metade do Brasil diz que a vida piorou em 2025 e país mergulha no desânimo, mostra pesquisa

Rotina mais cara, insegurança crescente, saúde precária e volta ao presencial compõem o retrato de um país cansado e sem expectativa de melhora

Por: João Livi Fonte: Hibou Pesquisas
01/12/2025 às 09h31
Metade do Brasil diz que a vida piorou em 2025 e país mergulha no desânimo, mostra pesquisa
Pesquisa nacional da Hibou revela desânimo e pessimismo dos brasileiros em 2025, com piora percebida na rotina, contas e sensação de segurança. (Foto: Freepik)

O Brasil entra em 2025 com o humor nacional em queda livre. Uma pesquisa da Hibou, instituto especializado em comportamento e consumo, ouviu 1.433 pessoas e revelou um cenário de cansaço, frustração e pessimismo generalizado. Da economia à política, passando por segurança, saúde e rotina de trabalho, a percepção predominante é de piora - e de que o futuro imediato não oferece grandes promessas de alívio.

Em um ano marcado por choques climáticos, tensão política, inflação sentida no dia a dia e mudanças no mercado de trabalho, o brasileiro declara sentir o peso de uma rotina mais dura, mais cara e mais instável.

Volta ao presencial reacende irritação e divide gerações

O trabalho deixou de ser apenas um desafio econômico e se tornou emocional. Metade dos brasileiros afirma que a vida piorou com o fim do home office. Entre jovens de 16 a 34 anos, o descontentamento explode: 63% reprovam o retorno ao presencial.

Apenas 21% dizem sentir melhora - percepção que cresce entre pessoas acima dos 45 anos, que veem o modelo tradicional como mais produtivo e seguro.

A divisão evidencia um conflito geracional profundo sobre tempo, qualidade de vida e flexibilidade, hoje um dos temas mais sensíveis da vida laboral brasileira.

Saúde e segurança lideram o ranking da insatisfação nacional

A experiência com a saúde causa forte desgaste: 52% dos brasileiros estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o atendimento. O alto preço dos planos, a dificuldade para marcar consultas e longas filas explicam a frustração recorrente.

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Na segurança pública, o retrato é ainda mais duro. Para 56% da população, o país está mais inseguro do que antes. Apenas 14% dizem perceber melhora. A combinação entre violência, crise econômica e instabilidade política alimenta a sensação de vulnerabilidade e desgaste emocional.

Política já não surpreende e não mobiliza mais ninguém

Mesmo episódios de grande repercussão parecem não abalar o brasileiro. A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro pela adulteração da tornozeleira eletrônica, fato que dominou o noticiário, não mudou absolutamente nada para 49% da população.

Segundo a CSO da Hibou, Lígia Mello, o dado escancara exaustão com escândalos repetidos. “Eventos antes capazes de balançar o humor do eleitor perderam impacto. A população está saturada e não acredita mais em transformação rápida”, afirma.

Vida mais cara: supermercado, energia e contas atrasadas

A inflação oficial pode ter desacelerado, mas a vida real não acompanhou. Apenas 8% sentem melhora no poder de compra. Metade dos entrevistados diz que o dinheiro está igual ou pior do que antes.

O reflexo aparece nas contas: 45% já estão com boletos atrasados e 35% pagam tudo, mas com sacrifício. Só 17% conseguem manter o orçamento sem aperto.

No supermercado, o impacto é sentido imediatamente:

  • 52% afirmam que os preços subiram muito;

  • 26% dizem que subiram um pouco;

  • apenas 12% notaram queda, em nível discreto.

A energia elétrica também pesa: 73% notaram aumento, sendo 37% de forma intensa. Luz mais cara, mercado mais caro, vida mais cara - uma pressão contínua sobre despesas essenciais que molda o humor financeiro das famílias.

Inteligência artificial divide opiniões e revela desigualdade geracional

A presença crescente da inteligência artificial no cotidiano gera percepções ambíguas. Para 47%, a IA facilita a vida. Já 18% afirmam que complica - principalmente entre os mais velhos, que também relatam dificuldade para avaliar o impacto das novas tecnologias.

Entre jovens, o cenário se inverte: 24% dos entrevistados entre 16 e 34 anos dizem que a IA facilita muito a rotina.

Medo de novas despesas com tecnologia

Outro ponto sensível é o debate sobre leis que restringem o reparo de eletrônicos fora de assistências autorizadas. Para 59% dos brasileiros, isso deixaria os consertos mais caros, e 21% temem ser obrigados a trocar aparelhos com mais frequência.

Em um cenário econômico apertado, qualquer medida que sugira aumento de gastos desperta rejeição imediata.

Clima assusta, mas COP30 não convence

A pesquisa mostrou quase unanimidade sobre a gravidade da crise climática: 88% associam temporais e enchentes diretamente ao aquecimento global.

Por outro lado, a expectativa sobre a COP30 é mínima:

  • Apenas 18% acreditam em benefícios;

  • 36% não veem impacto algum;

  • 26% acham que a conferência pode até piorar a imagem do Brasil.

O brasileiro entende o problema, mas não acredita que grandes eventos internacionais entreguem soluções reais.

Sobre a Hibou

A Hibou atua há mais de 15 anos com pesquisas e insights de mercado, utilizando ferramentas proprietárias e uma equipe com mais de 25 anos de experiência. Produz estudos qualitativos, quantitativos, exploratórios, monitoramento de comportamento, análises de consumo e pesquisas voltadas à expansão de mercado e hábitos de compra.

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