Um levantamento inédito realizado pela Klavi, fintech especializada em inteligência de dados financeiros via Open Finance, revelou um dado alarmante sobre a forma como os brasileiros administram seus recursos: a maior parte da população gasta quase todo o dinheiro recebido em menos de dois dias.
A análise, feita a partir de movimentações reais de mais de 7 mil pessoas em diferentes instituições financeiras, mostrou que 18% consomem todo o saldo em até 24 horas após o recebimento. Esse índice salta para 42% em até 36 horas. Além disso, 56% dos clientes deixam menos de R$ 100 disponíveis depois desse período.
Segundo a fintech, esse comportamento não se resume a hábitos imediatistas de consumo, mas reflete uma renda comprometida por dívidas, contas fixas e custos básicos do dia a dia. “O que entra na conta, em grande parte, sai quase de imediato para cobrir despesas fixas e dívidas”, destacou o CEO da Klavi, Bruno Chan, ao reforçar a vulnerabilidade das famílias brasileiras.
O diagnóstico dialoga com dados públicos recentes. Em junho de 2025, o Brasil registrou 77,8 milhões de inadimplentes, maior número da série histórica segundo a Serasa. O valor médio das dívidas ultrapassa R$ 6 mil por pessoa, somando R$ 477 bilhões em débitos.
Para especialistas, parte do problema está no uso recorrente do cheque especial como capital de giro pessoal. “Muitas vezes a conta parece ‘limpa’, mas foi recomposta com recursos do limite do cheque especial, um crédito caro e de alto risco. Isso, somado a gastos acima da renda, alimenta um ciclo de endividamento crônico”, explicou Chan.
A Klavi avalia que os dados devem servir de alerta não apenas para consumidores, mas também para empresas e instituições financeiras. O padrão de liquidação imediata das contas indica que grande parte da população vive em fluxo financeiro restrito, sem margem para emergências, investimentos ou planejamento de médio e longo prazo.