O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) concluiu um ambicioso projeto de pesquisa para importar ao Brasil uma tecnologia europeia de controle biológico, inicialmente desenvolvida para combater fungos, bactérias e pragas em lavouras do Velho Continente. Após adaptação ao clima tropical, o produto, batizado de SteriCerto Plant, foi validado em diversos sistemas agrícolas e industriais, prometendo elevar a agricultura sustentável e reforçar a segurança alimentar.
A iniciativa decorre de acordo firmado em 2023 entre o Governo do Paraná e o Consulado-Geral da Hungria em São Paulo, com coordenação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A Ferticerto Soluções Orgânicas, detentora da tecnologia original, atuou no suporte técnico e na tropicalização da solução, garantindo que as propriedades sanitizantes e antifúngicas mantenham eficácia sem deixar resíduos tóxicos.
Tecpar liderou um rigoroso ciclo de adaptações, submetendo o SteriCerto Plant a ensaios em diferentes solos e climas brasileiros. Os resultados parciais apontam que a tecnologia preserva as qualidades oxidativas seguras da água tratada, rompendo a barreira celular de microrganismos nocivos sem usar químicos agressivos. “Cumprimos um ciclo de tropicalização desse produto, que foi acompanhado pelos técnicos do Tecpar e o resultado muito promissor. Ele agora entra numa fase comercial, com a instalação da empresa aqui no Paraná, para produzir em uma escala maior”, salienta o diretor industrial da Saúde do Tecpar, Iram de Rezende.
Para o agricultor, o uso do produto melhora a sanidade das plantas, reduz perdas e amplia a produtividade, ao mesmo tempo em que diminui a dependência de defensivos químicos — resultando em corte de custos e maior lucratividade. Ao consumidor, chegam alimentos com menos resíduos de agrotóxicos, maior valor nutricional e sem alteração de sabor ou aparência.
Testes realizados em Guarapuava e Paranavaí (PR), no Mato Grosso do Sul, Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Sul confirmaram a eficácia do SteriCerto Plant no controle de patógenos e pragas. Em hortaliças, o desempenho foi comparável ao hipoclorito de sódio, porém sem resíduos químicos; em tomates, os frutos apresentaram melhor aparência e menos perdas; em maçãs da Serra Gaúcha, houve aumento de sanidade e durabilidade pós-colheita. Em mangas e uvas do semiárido, constatou-se maior teor nutricional e resistência a fungos.
O diretor da Ferticerto, Rafael de Boni da Silva, destaca que “a aplicação do produto mostrou efeito na redução de fungos e bactérias, com possibilidade de diminuir volume e frequência no uso de fungicidas, além de permitir combinação segura com defensivos agrícolas convencionais aumentando sua vida útil pela preservação da molécula, resultando em frutos mais saudáveis, nutritivos e com menor carga química”. Para o secretário Aldo Nelson Bona, “Essa parceria internacional consolida o compromisso do Governo do Paraná com a inovação de impacto, unindo ciência aplicada e cooperação técnica para entregar à sociedade e ao setor produtivo soluções sustentáveis que aumentem nossa competitividade agrícola sem comprometer o meio ambiente”. O cônsul honorário da Hungria no Paraná, Marco Aurélio Schetino de Lima, avalia que “essa cooperação consolida o Paraná como líder na produção orgânica de alta qualidade para mercados internacionais. A tecnologia vai permitir exportar grãos e frutas em grande escala, todos sem modificação genética e com redução significativa no uso de pesticidas, mantendo os altos padrões que os consumidores exigem”.