Aos 33 anos, o venezuelano José Gregorio Sosa Guevara já vive um recomeço no Brasil. Natural de Upata, no Estado Bolívar, ele deixou o comércio de roupas, perfumes e acessórios para trás, assim como a graduação em Turismo, a cidade natal e a família ampliada. Trouxe consigo a esposa, os dois filhos pequenos e a mãe em tratamento contra o câncer e um sonho: viver em Curitiba, cidade que conheceu na universidade como exemplo de sustentabilidade.
Ao chegar ao Brasil, o idioma foi o primeiro obstáculo. Mas não demorou para as oportunidades surgirem. Em apenas três semanas, José conseguiu o primeiro emprego na indústria, como auxiliar de produção. Com dedicação e apoio da equipe, foi promovido a auxiliar de qualidade e, hoje, atua como inspetor de qualidade nível 2 na Plastilit, no Paraná.
“O acolhimento que recebi me mostrou que eu posso crescer, posso trabalhar e sustentar minha família com dignidade. Me sinto valorizado aqui”, conta José, que agora cursa graduação em Gestão da Qualidade e almeja o cargo de analista.
Histórias como a de José são cada vez mais comuns no Paraná. Entre 2010 e 2024, mais de 152 mil migrantes foram registrados no Sismigra, da Polícia Federal. O Paraná aparece como o quarto principal destino de migrantes no Brasil em 2023 e 2024 — atrás apenas de São Paulo, Roraima e Santa Catarina. Só em 2023, o Estado recebeu 24.753 pessoas em busca de novas oportunidades.
Para transformar esse cenário em oportunidade, o Sesi Paraná criou o Programa Indústria Acolhedora, iniciativa que conecta empresas e migrantes por meio de capacitações, formação de lideranças e promoção de uma cultura empresarial mais inclusiva.
Desde seu lançamento, o programa já envolveu:
135 indústrias,
336 colaboradores formados,
81 conexões diretas entre trabalhadores e empresas.
Como parte da estratégia de ampliação do impacto, o Sesi lançou o Selo Indústria Parceira do Migrante, que reconhecerá indústrias que adotam práticas exemplares de acolhimento, integração e pertencimento. Ao todo, 23 empresas já concorrem à certificação.
“O Paraná é um dos estados que mais acolhe migrantes e refugiados no Brasil. A indústria pode e deve ser protagonista nesse processo de transformação social. Nosso papel é conectar, capacitar e sensibilizar”, afirma porta-voz do Sesi.
A proposta vai além da assistência humanitária: ao promover a diversidade e acolher pessoas em situação de vulnerabilidade, as empresas também ganham. A pluralidade de experiências fortalece as equipes, incentiva a inovação e contribui para o desenvolvimento econômico regional.
Neste Dia Mundial do Refugiado (20 de junho), o Sistema Fiep busca a construção de uma sociedade mais justa e produtiva. A inclusão de migrantes é, ao mesmo tempo, um gesto de empatia e uma estratégia sólida de crescimento.
Saiba mais em: www.sesipr.org.br/industria-acolhedora