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Jovem paranaense participa de missão da Nasa que investiga fenômenos solares

Pesquisador formado pela Unicentro integra projeto que busca entender os efeitos do vento solar na Terra e prevenir danos causados por tempestades magnéticas

Por: João Livi Fonte: Unicentro
29/05/2025 às 15h02
Jovem paranaense participa de missão da Nasa que investiga fenômenos solares
Matheus Henry Przygocki, doutorando na Universidade de Auburn, durante atividade no laboratório de física espacial. O jovem paranaense integra uma missão da Nasa que busca entender como o Sol interage com a Terra. (Foto: Unicentro)

Por Redação - Com informações da Agência Estadual de Notícias

Formado em Física pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), o paranaense Matheus Henry Przygocki está entre os pesquisadores que participam de uma missão da Nasa. Atualmente doutorando na Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, Matheus integra a missão Tracers (Tandem Reconnection and Cusp Electrodynamics Reconnaissance Satellites), que tem como objetivo desvendar como o vento solar interage com o campo magnético terrestre.

O projeto, que será lançado oficialmente em 2026, busca compreender um fenômeno chamado reconexão magnética, essencial para explicar desde o surgimento das auroras boreais até os impactos desse fenômeno na infraestrutura tecnológica do planeta.

Minha pesquisa está na área de física espacial. O Sol libera plasma — um gás extremamente quente e carregado de partículas — que se desloca em direção à Terra. Quando esse material encontra o campo magnético do nosso planeta, ocorre a reconexão magnética”, explica o pesquisador. Esse processo faz com que as linhas invisíveis do campo magnético terrestre se rompam e se reconectem com o próprio fluxo de partículas solares.

O resultado mais visível desse fenômeno são as auroras boreais, descritas por Matheus como “um espetáculo de luzes formado por partículas super energizadas que viajam em direção aos polos da Terra”.

Impacto que vai além da beleza natural

Embora as auroras sejam belíssimas, os efeitos da reconexão magnética nem sempre são inofensivos. Esse fenômeno pode gerar campos elétricos capazes de interferir diretamente em redes de energia, sistemas de comunicação e equipamentos eletrônicos. “Se no século XIX uma tempestade solar já foi capaz de causar pane em sistemas de telégrafo, hoje o impacto seria muito mais severo, considerando o quanto somos dependentes da eletricidade e da tecnologia”, alerta Matheus.

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Por isso, entender como e quando essas interações ocorrem é fundamental. A pesquisa pretende ajudar na prevenção de danos causados por tempestades solares, contribuindo para a segurança de sistemas elétricos e de comunicação em escala global.

Da Unicentro ao espaço

A trajetória de Matheus reflete a importância do ensino público e da rede de apoio acadêmico. Ele concluiu a licenciatura em Física pela Unicentro em 2019 e, no ano seguinte, iniciou o mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Quando cogitava abandonar a carreira acadêmica, uma conversa com professores da Unicentro mudou seu rumo. Por meio desse contato, foi indicado ao atual orientador nos Estados Unidos e conseguiu ingressar no doutorado na Universidade de Auburn.

O Departamento de Física da Unicentro tem um ambiente muito acolhedor. Os professores conhecem os alunos pelo nome, estão sempre disponíveis e fazem questão de ajudar. Isso foi determinante na minha escolha por continuar na área acadêmica”, relata.

Para Matheus, a vivência na universidade foi mais do que aprendizado técnico. “O maior presente que a Unicentro me deu foi me ensinar a amar a Física. Isso acendeu em mim o desejo de buscar mais conhecimento e, principalmente, de um dia ser um professor que inspire outros alunos, assim como os meus professores fizeram comigo”, afirma.

Novos horizontes e uma visão global

Ao longo dos mais de dois anos vivendo nos Estados Unidos, Matheus não acumula apenas conhecimento científico. A experiência internacional proporcionou uma reflexão profunda sobre cultura, diversidade e o próprio Brasil.

Estar fora do país me fez valorizar ainda mais nossas qualidades. O Brasil tem problemas, como qualquer outro lugar, mas o calor humano, a acolhida e o jeito brasileiro fazem muita falta. Isso não tem preço”, reconhece.

Na visão do pesquisador, o Brasil ainda tem muito a evoluir na área de física espacial, que é fortemente dominada por polos na Europa, nos Estados Unidos e na China. Ainda assim, ele acredita no potencial dos brasileiros e na importância de investir em ciência, pesquisa e formação acadêmica de qualidade.

 

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