As expectativas de inflação desancoradas e o patamar atual dos prêmios de risco do país preocupam muito a autoridade monetária, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira.
Em evento promovido pelo banco UBS em Washington, Campos Neto disse que números recentes de inflação foram um pouco melhores que o esperado, ponderando que "todo o resto das variáveis que apontam para o futuro" está piorando, ao citar leituras de inflação implícita, curva longa de juros, prêmio de risco, projeção de inflação e balanço de riscos para os preços.
"Quando você vê a inflação desancorando e você o prêmio de risco onde está hoje, é um sinal que nos preocupa muito, nós expressamos isso e precisamos endereçar isso", disse no evento, que aconteceu às margens das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.
"Temos que fazer a inflação convergir para a meta, esse é o nosso mandato, e explicar como vamos fazer isso. Entendemos que às vezes, no curto prazo, temos que adaptar a linguagem, mas esse é o nosso foco e nossa missão."
Nesta quarta, as taxas futuras de juros tiveram alta firme e se aproximaram de 13% em vários vencimentos, com a curva a termo reagindo ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e às preocupações em torno do equilíbrio fiscal no Brasil.
Campos Neto afirmou que a análise das variáveis citadas explica por que o BC decidiu fazer o movimento de subida de juros. Ele ponderou que a decisão de um início de ciclo gradual foi motivada pela incerteza no cenário.