A possibilidade de uma paralisação nacional dos caminhoneiros na próxima quinta-feira, 4 de dezembro, acendeu um sinal de alerta no país e reacendeu memórias da greve de 2018. Convocada principalmente por meio das redes sociais, a mobilização reúne pautas econômicas e estruturais do setor, mas enfrenta divergências internas e ainda não conta com confirmação de participação ampla entre sindicatos e entidades representativas.
Desde meados de novembro, vídeos e mensagens circulam convocando motoristas autônomos e transportadores de cargas a interromperem as atividades. A pauta apresentada é variada e inclui:
Reestruturação do marco regulatório do transporte rodoviário de cargas.
Renegociação ampla de dívidas, com pedidos de carência estendida por até 120 meses.
Anistia de multas acumuladas pela categoria.
Condições de trabalho mais seguras nas estradas.
Políticas de remuneração consideradas mais equilibradas.
Aposentadoria especial com 25 anos de contribuição comprovada.
Organizadores afirmam que o movimento tem caráter reivindicatório, sem relação com articulações político-partidárias. Entre os defensores da paralisação, o discurso é de que “as demandas se arrastam há anos” e que a greve seria uma forma de pressionar o governo federal a reabrir negociações.
Apesar da mobilização virtual, a adesão ainda é incerta. Lideranças do setor afirmam que não há consenso sobre a paralisação, principalmente porque parte das entidades teme instabilidade econômica e impactos negativos para os próprios caminhoneiros.
Alguns sindicatos regionais já declararam que não apoiarão a greve, alegando falta de articulação formal, risco de politização e ausência de pauta unificada. Há também quem ressalte que a categoria enfrenta dificuldades de renovação e redução no número de motoristas ativos — fatores que podem limitar a força do movimento.
Caso a adesão seja significativa, os efeitos poderão ser sentidos rapidamente. O transporte rodoviário é responsável pela maior parte da circulação de cargas no país, o que faz especialistas considerarem a possibilidade de:
Desabastecimento pontual de alimentos e produtos de consumo.
Atrasos na distribuição de combustíveis.
Prejuízos em cadeias agroindustriais e industriais.
Congestionamentos e bloqueios em rodovias estratégicas.
O cenário ainda depende do comportamento da categoria nos próximos dias. Autoridades federais e estaduais monitoram fluxos de rodovias e mobilizações em grupos de caminhoneiros.
A convocação para o dia 4 de dezembro está mantida, porém a confirmação da paralisação dependerá da adesão espontânea nos principais corredores logísticos. Até o momento, nenhuma liderança nacional formalizou a realização do movimento, e parte da categoria defende que a negociação com o governo seja retomada antes de qualquer interrupção das atividades.
Com poucas certezas e muitos rumores, o país observa com cautela o desenrolar da mobilização. A convocação existe, a pauta é extensa, mas a confirmação da greve ainda depende de união e força prática de uma categoria historicamente fragmentada.