O pacote emergencial lançado pelo governo federal para blindar exportadores brasileiros diante do tarifaço imposto pelos Estados Unidos já movimenta cifras colossais. As aprovações do Plano Brasil Soberano, operado pelo BNDES, alcançaram R$ 9,72 bilhões em apenas três meses, um volume que escancara a dimensão dos danos provocados pelas sobretaxas unilaterais anunciadas pela administração Donald Trump. No total, 717 operações foram validadas, contemplando desde 171 grandes corporações até 546 micro, pequenas e médias empresas que viram suas vendas externas serem fortemente pressionadas.
A corrida por crédito mostra um mapa de impacto abrangente. São Paulo puxa a fila com R$ 2,96 bilhões aprovados, seguido por Rio Grande do Sul (R$ 1,33 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,26 bilhão) e Paraná (R$ 1,08 bilhão). A indústria de transformação, uma das mais atingidas pelas tarifas adicionais, concentra sozinha R$ 7,8 bilhões. Comércio, serviços, agropecuária e indústria extrativa também aparecem no radar, somando juntas mais de R$ 1,9 bilhão.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, definiu o plano como peça-chave para evitar um colapso ainda maior no setor produtivo. Segundo ele, o banco voltou a desempenhar papel decisivo na defesa de empregos e na sustentação da competitividade nacional.
Mesmo com a liberação acelerada, a procura não dá sinais de trégua. Desde 21 de novembro, quando uma nova rodada de consulta de elegibilidade foi aberta, nada menos que 267 protocolos foram registrados, elevando a demanda potencial a R$ 4,55 bilhões. A ampliação ocorreu após a flexibilização de critérios anunciada pelos ministérios da Fazenda e do MDIC.
Antes, apenas empresas com faturamento exportador igual ou superior a 5% do total - e afetadas por tarifa de 50% - podiam acessar R$ 30 bilhões garantidos pelo FGE. Agora, o corte mínimo caiu para 1%, permitindo que um número muito maior de companhias e até seus fornecedores sejam incluídos. Os outros R$ 10 bilhões seguem reservados às empresas atingidas por tarifas inferiores a 50%.
Apesar de o governo norte-americano ter retirado alguns produtos agrícolas da lista - como café, carne bovina, bananas e tomates - o estrago permanece expressivo. Mais de 40% da indústria brasileira continua enquadrada em sobretaxa adicional, como destacou o diretor de Planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, durante a abertura da 1ª Semana de Economia Brasileira, realizada pelo Centro Internacional Celso Furtado.
O evento, patrocinado pelo próprio banco, reúne pesquisadores e economistas até sexta-feira para analisar as tendências econômicas que marcaram as últimas quatro décadas.
O banco de fomento também acelerou a articulação com instituições financeiras credenciadas, preparando equipes e orientando procedimentos para que o crédito chegue rapidamente às empresas. A maior parte das operações ocorre de forma indireta, permitindo que o empresário procure sua própria agência para solicitar o financiamento.
Empresas brasileiras recorrem ao Plano Brasil Soberano para enfrentar o tarifaço imposto pelos EUA; aprovações do BNDES já chegam a R$