Há alguns anos, em companhia de um grupo de amigos, tive o privilégio de conhecer a Patagônia, um ecossistema complexo que abrange o sul dos territórios da Argentina e do Chile.
Costuma-se dizer que ali é o fim do mundo. Ao visitar aquele lugar fiquei curioso em saber que tipo de pessoas viviam e por ali e que passaram estudando e apreciando aquela paisagem antes de mim.
Descobri num museu da cidade argentina de Calafate, que no início do século XX, um cientista explorador de nome Francisco Pascasio Moreno já havia feito estudos e explorado a cavalo aquela região que agora eu estava vendo e pisando pela primeira vez.
Desde criança, Francisco havia mostrado interesse por excursões paleontológicas, donde desenvolveu a paixão pela natureza. Tinha predileção em sentir a emoção do desconhecido. Alternava seus estudos com excursões pelas barrancas de rio procurando fósseis pré-históricos. Estimulado pela leitura de livros de viagens, se interessou por paleontologia e pela arqueologia.
O principal glaciar daquela região, e que por ironia Francisco não chegou a conhecer, leva hoje o nome daquele pesquisador. O glaciar se estende deste o campo de gelo Patagônico sul até o sul do lago Argentino, e é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo.
O sentimento pode ser o de um menino, ao passar pela experiência de ficar frente a frente com a mega geleira. O ambiente é deveras impactante.
No museu de Calafate há um monumento que representa o explorador. Ao lado, uma inscrição que enaltece seus feitos e o coloca como um paradigma a ser seguido pelas gerações futuras. Francisco viveu com emoção fazendo o que apreciava e o que achava correto.
Evidentemente não é preciso ir até o fim do mundo para sentir emoção. Acordar para mais um dia de vida, é deparar-se com a possibilidade de sentir emoção por algo que ainda não aconteceu.